Os fenícios foram responsáveis pela formação de uma rica civilização que ocupou uma faixa do litoral mediterrâneo que adentrava o território asiático até as montanhas do atual Líbano.
Origem
A origem dos fenícios ainda é desconhecida. Segundo o historiador grego Heródoto (484 a.c - 430 a.c) eles teriam vindo do Oceano Índico. Já os estudiosos modernos discordam e acreditam que 5000 anos eles teria migrado da região entre o Mar Morto e o Mar Vermelho.
Os documentos originais dos próprios fenícios não deixam pistas, pois falavam apenas do endereço para o qual haviam mudado e, como aquela região era conhecida na antiguidade como Canaã, eles se autodenominaram Cananeus.
Economia fenícia
No início de sua trajetória, a exemplo de outros povos da Antiguidade, os fenícios desenvolveram uma economia exclusivamente voltada à agricultura. Contudo, graças ao seu posicionamento geográfico, acabou viabilizando o contato comercial com várias caravanas nômades.
A expansão comercial foi responsável pela organização de vários centros urbanos independentes, entre os quais destacamos Arad, Biblos, Ugarit, Tiro e Sídon. Em cada uma dessas cidades, observamos a presença de um monarca escolhido pela decisão dos grandes comerciantes e proprietários de terra do local. Dessa forma, podemos afirmar que o cenário político fenício era eminentemente plutocrático, ou seja, controlado pelas parcelas mais ricas da população.
O desenvolvimento do comércio entre os fenícios aconteceu primordialmente através da realização de trocas de mercadorias. Com o passar do tempo, a expansão das atividades privilegiaram a fabricação de moedas que facilitaram a realização de negócios. Sob tal aspecto, devemos ainda destacar a grande complexidade do artesanato entre os fenícios. Madeiras, tapetes, pedras, marfim, vidro e metais eram alguns dos produtos que atraíam a atenção dos habilidosos artesãos fenícios.
Fenícios, povos dedicados ao comércio marítimo.
Outra interessante contribuição advinda do comércio entre os fenícios foi a elaboração de um dos mais antigos alfabetos de toda História. Por meio de um específico conjunto de símbolos, os fenícios puderam empreender a regulação de suas atividades comerciais e expandir as possibilidades de comunicação entre as pessoas. Séculos mais tarde, a civilização greco-romana foi diretamente influenciada pelo sistema inaugurado pelos fenícios.
Estrutura Social e Política da fenícia
A Fenícia era formada por um conjunto de cidades-Estado autônomas. Cada cidade tinha um governo independentes, exercido pelos membros da classe aristocrática, composta por ricos comerciantes, armadores e artesãos. De modo geral, o chefe do governo era um rei, cuja função transmitia-se por hereditariedade. Mas a autoridade do rei não era absoluta. Ele a exercia em sintonia com a elite aristocrática da qual saiam os membros de um conselho de anciãos e de magistrados, conhecidos como sufetas.
Freqüentemente, as cidades fenícias entravam em guerra, disputando entre si novos mercados para seus produtos. Algumas dessas cidades pagavam tributos a povos estrangeiros, para receber, em troca, segurança e tranqüilidade contra os seus rivais do comércio.
Nenhuma cidade fenícia era suficientemente poderosa para impor completamente dominação sobre as demais. No entanto, podemos identificar, em períodos diferentes, cidades mais importantes do que outras.
Desde meados do III milênio a.C., Biblos destacava-se pelo seu movimentado porto comercial, tendo estabelecido relações de comércio com Chipre, Egito e Creta. Por volta da metade do II milênio a.C., Sidon conquistou grande prestígio marítimo e comercial, tornando-se famosa pela exportação de tecidos de púrpura, perfumes, jóias e vasos. Finalmente, do século X ao século VIII a.C., Tiro alcançou a preponderância econômica da Fenícia, comerciando com diversas localidades do Mediterrâneo. Deve-se à cidade de Tiro a fundação da importante colônia de Cartago, no norte da África.
Na maioria das cidades fenícias a posição social dos indivíduos estava diretamente ligada à sua condição econômica e ao papel que desempenhavam. A classe dominante era composta pelos empresários (comerciantes marítimos donos das oficinas de artesanato, negociantes de escravos) e pelos funcionàrios e sacerdotes a serviço do poder real. Vinha, a seguir, uma classe composta pelos trabalhadores livres (artesãos, pescadores, camponeses, marinheiros) e pelos pequenos proprietários de comércio. A parcela social mais oprimida era composta pelos escravos domésticos e marinheiros pobres.
No século VIII a.C., as cidades fenícias foram submetidas pelos assírios. Em 586 a.C., foram conquistadas pelos novos babilônios, com exceção da cidade de Tiro. Somente em 332 a.C., Alexandre Magno, da Macedônia, conquistou plenamente a Fenícia.
A organização social
Como o comércio era a atividade econômica mais importante, a sociedade fenícia dividia-se de acordo com a riqueza. Veja no quadro abaixo.
Os sacerdotes, funcionários e mercadores controlavam a administração das cidades-estados e o comércio exterior. Os trabalhadores livres eram pequenos comerciantes, artesãos, marinheiros, pescadores e camponeses. Os escravos eram pouco numerosos, sendo utilizados em serviços domésticos.
Religião fenícia
Na esfera religiosa, os fenícios ficaram conhecidos pelo seu amplo interesse nas práticas animistas, ou seja, a adoração às árvores, montanhas e demais manifestações da natureza. A Grande Mãe e Baal (o deus protetor) eram as duas mais prestigiadas divindades do universo religioso fenício. Geralmente, os rituais eram executados ao ar livre e incluíam a realização de sacrifícios, sendo que alguns destes contavam com a oferenda de seres humanos.
Como a Fenícia foi composta por diversas cidades-estado ( Arad, Biblos, Tiro, Sídon) em cada uma destas cidades os deuses recebiam nomes diferentes, embora fossem comuns à toda civilização fenícia.
Alfabeto fenício
Em função dos diversos contatos comerciais que mantinham com diferentes povos, os fenícios sentiram necessidade de um meio prático para facilitar a comunicação. Pressionados por essa necessidade, os fenícios desenvolveram uma das mais fabulosas invenções da história humana: o alfabeto
O alfabeto fenício era composto por 22 sinais, sendo, mais tarde, aperfeiçoado pelos gregos, que lhe acrescentaram outras letras. O alfabeto grego deu origem ao alfabeto latino, que é o mais utilizado atualmente
Explorações fenícias
Viagens e colonizações que os comerciantes fenícios realizaram durante o primeiro milênio antes de Cristo. Parece que os navegantes fenícios foram os primeiros que se serviram da Estrela Polar para orientar suas viagens, o que lhes permitiu aventurar-se fora do mar Mediterrâneo. A partir das cidades-estado de Tiro, Sidon e Biblos, ampliaram seu comércio de cristais e tecidos tingidos de púrpura até o Mediterrâneo ocidental, em cuja colonização precederam os gregos. Fundaram as cidades de Gades, atual Cádiz, e Cartago. Por volta do ano 600 a.C., segundo Heródoto, o faraó egípcio Nekó os encarregou de circunavegar a África: a expedição demorou três anos para percorrer os 36.600 km do litoral africano.
Depois da conquista de Tiro por Nabucodonosor no ano 573 a.C., os fenícios estabeleceram a nova capital em Cartago. Conseguiram controlar a passagem pelo estreito de Gibraltar e descobriram as ilhas da Madeira, Canárias e Açores. No século V a.C. cruzaram o canal da Mancha e chegaram à Cornualha. Hanon fundou seis colônias na costa atlântica da África e explorou o Senegal, os rios de Gâmbia e a costa sul até a Serra Leoa ou Camarões.
A Dominação
Durante quatorze séculos, a partir de 2600 a.c, o Egito dominou a fenícia, cobrou pirâmides de taxas e impôs sua cultura e valores religiosos sobre os fenícios. Porém, era dos portos da Fenícia que seguia todo o cedro que os egípcios precisavam, então eles tiveram como barganhar e obtiveram a garantia de negociar com quem bem entendessem.
Lá pelo séc. VIII a.C. os hititas também passaram a dominar os fenícios, e para não haver discórdia entre os hititas e os egípcios, os fenícios fizeram com que as suas cidades dividissem o seu apoio. Mais tarde ocorreu a invasão dos indo-europeus (os povos do mar) e isso provocou a queda do império hitita e o retraimento dos egípcios. Então os fenícios puderam sentir o gostinho da liberdade, o que não durou muito tempo. Logo foram dominados pelos assírios, que desejavam uma saída para o mar. Em 612 a.C. , os babilônios foram dominados pelos persas. Mais tarde foi a vez do comando dos gregos e, em seguida, dos romanos.
Por onde os fenícios da cidade de Tiro passavam, construíam aldeias que amis pareciam grandes mercados. Até um ponto em que alcançaram a região da atual Espanha e, em 1100 a.C. fundaram cidade portuária de Gadir, na Costa Atlântica (hoje, Cádiz). Forma para lá extrair a prata, que era abundante na região e tinha consumidores fiéis no oriente, que pagariam por ela, qualquer preço. Passado algum tempo, Gadir se tornou o centro econômico mais importante da região e monopolizou o comércio desde o norte da Argélia e a ilha de Ibiza, até além do litoral atlântico de Marrocos.
Eles sempre aproveitavam oportunidades para lucrar. As embarcações fenícias possuíam casco arredondado, o que aumentavam o espaço interno e permitia maior volume de carga. Inventaram os trirremes, barcos que possuíam 3 fileiras superpostas de remos, que poderia seguir com velocidade independente da condição dos ventos. Já as embarcações de guerra possuíam um espigão metálico para por a pique os navios inimigos. No entanto, não utilizavam da força, esse artifício era sim, para afugentar os piratas que tentassem roubá-los.
Decadência
Entraram em decadência depois da conquista de Tiro pelos romanos em 332 a.C. Depois disso, o seu maior império, Cartago, foi destruído em 146 a.C. Nessa época, eles já nem falavam sua língua de origem e sim, uma mistura de grego e aramaico.
Fonte: mundovestibular.com.br
Exercícios sobre os fenícios
1) (MAUÁ - LINS) Qual foi a contribuição da civilização fenícia para a cultura e a tecnologia das civilizações orientais?
2) (OSEC) Os fenícios dedicavam-se primordialmente ao comércio marítimo porque:
a) era grande seu excedente agrícola;
b) sua organização militar lhes garantia o domínio dos mares;
c) sua localização geográfica os induzia a isso;
d) sua organização política era fortemente centralizada;
e) sua atividade militar lhes proporcionava numerosos escravos para atuar nas galeras como remadores.
3)
I. As cidades-Estado fenícias são consideradas a mais progressista forma de organização do Estado
existente na Antigüidade Oriental.
II. A religião fenícia foi monoteísta, a exemplo dos hebreus.
III. A grande contribuição dos fenícios para as civilizações posteriores foi a invenção do alfabeto
fonético, criado por interesses comerciais.
a) I, II e III estão corretas.
b) I, II e III estão incorretas.
c) Apenas I e II estão corretas.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.
4) Os povos fenícios dedicavam-se:
a) à agricultura
b) à pecuária
c) à navegação marítima
d) à ciência
e) à pesca
5) São cidades fenícias, exceto:
a) Larsa
b) Biblos
c) Sidon
d) Tiro
e) Ugarit
6) Relaciona-se aos fenícios na Antiguidade, EXCETO:
a) o comércio como principal atividade econômica.
b) a invenção do alfabeto fonético.
c) a organização política em cidades-Estado.
d) o estabelecimento de colônias no Mediterrâneo.
e) o dualismo religioso, baseado no culto aos deuses Ahriman e Aura Mazda.
7) Das alternativas abaixo, a que melhor caracteriza a sociedade fenícia é:
a) a existência de um Estado centralizado e o monoteísmo;
b) o monoteísmo e a agricultura;
c) o comércio e o politeísmo;
d) as Cidades-estados e o monoteísmo;
e) a agricultura e a forma de Estado centralizado.
8) Os fenícios, povo de origem semita que se fixou e desenvolveu as suas cidades numa faixa de 200 quilômetros situada entre o mar Mediterrâneo e as montanhas do atual Líbano, conheceram o apogeu da sua influência a partir de 1400 a.C. (destruição de Cnossos em Creta).
Entre as afirmações que se seguem, escolha aquela que caracteriza de maneira correta esse povo.
a) Viviam num sistema político teocrático.
b) Suas principais atividades econômicas eram agrícolas.
c) Praticavam uma religião maniqueísta.
d) Eram especializados no comércio marítimo.
e) Seu alfabeto foi elaborado a partir do alfabeto grego.
9) Os fenícios, na Antiguidade, foram conhecidos, sobretudo, por suas atividades ligadas:
a) à propagação do monoteísmo.
b) ao comércio marítimo.
c) ao expansionismo militarista.
d) à criatividade científica.
e) à agricultura intensiva.
Gabarito:
1) Do ponto de vista cultural, foi a invenção do alfabeto (escrita fonética); do ponto de vista tecnológico, foi o desenvolvimento da construção naval.
2) C 3) D 4) C 5) A 6) E 7) C 8) D 9) B