E se você pensou em larica - aquela fome que sentem os fumantes de maconha - e não entendeu o efeito das sementes, a gente explica. "A confusão entre os dois surge do fato de que ambos provêm da espécie Cannabis sativa, mas semente de cânhamo (como também é chamada a "hemp seed") não contém THC (tetrahydrocannabinol). A intensa vontade de comer que toma conta do usuário de maconha após consumir a planta é causada por este, que é o principal composto da cannabis", esclarece a nutricionista Patricia Davidson.
O THC, explica a especialista, estimula o organismo a liberar leptina - o hormônio que controla o apetite. "Isto, somado à maior percepção dos bulbos olfatórios e o aumento da sensibilidade palativa, torna o ato de comer mais prazeroso para o usuário", acrecenta ela.
Segundo a nutricionista, além das sementes não possuírem o THC, elas apresentam alto teor de fibras, que induzem a saciedade precoce e também equilibram a função intestinal, estimulam a detox orgânica.
As hemp seeds também provêm da espécie Cannabis sativa (foto), mas não contém THC, principal composto da maconha (Foto: Getty Images)
Alimento é rico em nutrientes, como ômegas 3 e 6 e sais minerais
Os benefícios da semente não param por aí. As hemp seeds reduzem o colesterol, têm ação antiinflamatória, aliviam o stress, diminuem a pressão arterial, contribuem para a formação e manutenção de massa muscular, saúde do cabelo, da pele e das unhas e da saúde óssea.
"São altamente nutritivas: fontes de proteína vegetal de ótima qualidade, além dos ômegas, vitaminas e minerais. Por isso, tornam-se uma alternativa ideal para vegetarianos e pessoas que apresentam alergia à soja, intolerância ao glúten e produtos lácteos", explica Patrícia.
Destrinchando cada um dos seus componentes, as hemp seeds contém ômega 6 e ômega 3, na proporção exata para compensar o principal desequilíbrio da dieta contemporânea. "Essas 'gorduras do bem' reduzem o mau colesterol, graças ao ômega 6, enquanto a redução de triglicerídeos sanguíneos e da pressão arterial se devem em maior proporção ao ômega 3. Vinte gramas de hemp seeds por dia correspondem a uma colher de sobremesa ou 100g de salmão assado", compara.
Hemp seeds (Foto: Getty Images)
Graças ao ácido gama linolênico, as sementes de maconha também têm efeito antiinflamatório e aliviam os sintomas do stress, regulando o humor e a sensação de bem estar. A poderosa semente ainda contém proteínas - essenciais para formação e manutenção de massa muscular, saúde do cabelo, da pele e das unhas - e fibras alimentares, que são importantes para o equilíbrio da função intestinal.
As hemp seeds também são ricas em minerais importantes para a saúde óssea e muscular, além de conter compostos bioativos fitosteróis, que auxiliam na prevenção de doenças coronarianas, alguns tipos de câncer e doenças crônico degenerativas como o Alzheimer e Parkinson.
Comidinhas com hemp seeds: segundo Patricia Davidson, as sementes podem ser consumidas cruas, germinadas, como leite e mais (Foto: Reprodução/Patricia Davidson)
Hemp seeds já podem ser encontradas no Brasil
Nos EUA, as sementes são encontradas em supermercados. Por aqui, a aquisição das hemp seeds é difícil, mas boas casas de especiarias e mercados municipais já estão iniciando a comercialização.
Seu sabor é suave, próximo ao das sementes de girassol, avelã e nozes, e elas são versáteis, podendo ser consumidas cruas, germinadas, transformadas em leite ou incrementando receitas do dia-a-dia como saladas e risotos.
"É importante lembrar que em todas as opções, elas devem ser usadas cruas ou levemente tostadas, pois seus ácidos graxos tem grande instabilidade à altas temperaturas, podendo formar produtos tóxicos", ensina.
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