O Cinturão de Kuiper é uma região do nosso sistema solar, situado um pouco além de Plutão e inicialmente teorizado pelo astrônomo holandês Gerard Kuiper no ano de 1951.
Em 1950, Jan Hendrik Oort criou a teoria de que os cometas de longo período (que duram mais de 200 anos) teriam sua origem em um local distante 30.000 AU (astronomical unit, ou, unidade astronômica, 1 AU = 149.597.870 km (distancia da terra ao sol) a 60.000 AU do sol em uma região que ficou conhecida como Nuvem de Oort. Seriam mais de um trilhão de objetos, dos mais variados tamanhos.
Baseados na teoria de Oort, os astrônomos pensaram que os cometas de curto período (menos de 200 anos) seriam, então, cometas de longo período que tiveram suas órbitas modificadas pela influência da gravidade de algum planeta.
Mas, em 1951, Gerard Peter Kuiper, propôs que, na verdade, os cometas de curto período seriam originários mesmo de uma região parecida com a nuvem de Oort, porém bem mais perto, com seu início próximo a órbita de netuno a 30 AU do sol até 100 AU, e que, esta região teria sua elíptica no mesmo plano das órbitas dos planetas do sistema solar (diferentemente da Nuvem de Ort que tem o plano inclinado quase perpendicularmente ao plano da órbita dos planetas).
Nos anos 1980, por meio de simulações computacionais, foi previsto que poderia ser formada realmente uma espécie de depósito de asteroides em uma região além de Netuno, comprovando, dessa forma, a teoria proposta por Kuiper. Esses asteroides seriam formados por restos de corpos celestes que não conseguiram aglomerar-se em torno de um novo planeta no nosso sistema.
Em 1992, finalmente, foi descoberto um objeto com um diâmetro de 240 km que estava localizado na distância prevista por Gerard Kuiper e que recebeu o nome de 1992QB1. Assim, logo depois, outros corpos com características semelhantes foram encontrados na região e, com isso, a existência do Cinturão de Kuiper foi definitivamente comprovada.
Os objetos pertencentes ao Cinturão de Kuiper são classificados como objetos transnetunianos, ou seja, que se localizam além de Netuno, o último planeta do sistema solar. Netuno, aliás, é o grande responsável, segundo as teorias atuais, pela formação desse conjunto de asteroides, em razão da influência que ele exerce em suas órbitas.
Em 2002 o Hubble participou da descoberta do "Quaoar", apontado então como o maior objeto do Sistema Solar descoberto desde Plutão, em 1930. Sua descoberta foi feita pelo Observatório Palomar e confirmada pelo Hubble. O seu diâmetro foi estimado em 1.280 Km e sua órbita, com período de 288 anos está toda contida no Cinturão de Kuiper.
Já foram descobertos seis objetos do Cinturão de Kuiper com diâmetro superior a 1.000 Km. O "record" do Quaoar de maior objeto do Sistema Solar descoberto depois de Plutão já foi quebrado duas vezes.
Em fevereiro de 2004 foi anunciada a descoberta de outro membro do Cinturão de Kuiper; o 2004DW. A sua descoberta foi feita pela mesma equipe que descobriu o Quaoar, usando o telescópio "Samuel Oschim" do Observatório Palomar. O seu diâmetro, ainda não tão bem determinado como o do Quaoar, foi estimado em 1600Km e a sua órbita, também inteiramente contida no Cinturão de Kuiper, é bem próxima da órbita de Plutão.
Poucos dias depois, em março de 2004, foi anunciada a descoberta de um objeto ainda maior; o Sedna. O seu diâmetro ainda não está bem determinado, podendo ultrapassar os 2.000 Km (atualmente o valor mais aceito é de 1.800 Km); existem evidências de uma pequena lua orbitando-o.
Embora tenha sido descoberto no Cinturão de Kuiper, o Sedna tem órbita muito elíptica, indo além do limite superior considerado dessa região. O seu período foi estimado em 10.500 anos. Mesmo estando perto de seu perihélio (que alcançará daqui 72 anos) ele é o objeto mais distante já visto no Sistema Solar.
Também o Sedna foi visto a primeira vez pela mesma equipe de descobridores do Quaoar e 2004DW, a partir do Observatório Palomar, em novembro de 2003. A sua confirmação foi feita pelos telescópios espaciais "Spitzer" e "Hubble" e anunciada pela NASA dia 15 de março passado.
Novos Planetas?
Seriam o Sedna, o 2004DW, o Quaoar, etc. planetas recém descobertos?
Se esses objetos fossem descobertos na época do descobrimento de Plutão, certamente eles seriam considerados planetas. Se Plutão fosse descoberto hoje, certamente ele seria considerado apenas mais um objeto transnetuniano (o maior objeto até hoje descoberto do Cinturão de Kuiper).
Segundo a definição atualmente mais aceita pelos astrônomos, planeta é um objeto cuja massa é maior que a massa somada de todos os outros objetos com órbitas próximas à sua.
A Terra é um planeta, pois a sua massa é muito superior às massas somadas da Lua e demais cometas, asteróides e meteoróides que nos visitam. Os objetos do Cinturão de Kuiper não são planetas pois todos eles têm massa muito inferior a metade da massa de todo o Cinturão. O mesmo raciocínio é válido para os objetos da pretensa Nuvem de Oort.
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