Os cientistas descobriram uma nova espécie de tiranossauro que viveu há 75 milhões de anos nas planícies onde agora é o estado norte-americano de Montana, e nos deram uma nova perspectiva sobre como os rostos dos tiranossauros eram, incluindo o icônico tiranossauro rex.
Acontece que eles eram muito mais sensíveis do que se acreditava, e eles carregavam os mesmos nervos que fazem alguns seres humanos espirrarem quando olhamos para a luz do Sol. O recém-descoberto predador foi chamado Daspletosaurus horneri. Ele tinha aproximadamente 9 metros de comprimento, 2,2 metros de altura.
Por um lado, seguiu uma forma incomum de evolução chamada anagênese – quando uma espécie mais velha gradualmente se torna extinta, transformando-se em uma nova espécie. Usando datação radiométrica, uma equipe liderada por Thomas Carr, da Carthage College em Wisconsin, nos Estados Unidos, estabeleceu que antes de D. horneri surgir e começar a aterrorizar suas presas – dinossauros menores, incluindo terópodes e hadrossauros – seu parente mais velho era uma espécie separada, D. torosus. “Quando consideramos as idades geológicas das duas espécies, a evolução do Daspletosaurus nos dá uma indicação de como lentamente a evolução pode atuar em grandes dinossauros, que neste caso aconteceu ao longo de um período de 2,3 milhões de anos“, disse Carr.
Este caminho evolutivo torna o novo tiranossauro especial, embora não seja o único. Os pesquisadores apontam que a anagênese também foi encontrada em algumas outras espécies de dinossauros. Não só o espécime revelou caminhos evolutivos incomuns: também foi permitido aos pesquisadores reconstruir o rosto de D. horneri com tanta precisão, que literalmente mudou a face dos tiranossauros como se conhecia.
Composto por dois crânios e esqueletos completos, um maxilar inferior parcial e uma dispersão de outros ossos, o registro fóssil disponível para reconstruir D. horneri foi praticamente o sonho de um paleontólogo. A equipe foi capaz de modelar a face do novo tiranossauro com detalhes incríveis, incluindo as grandes escamas planas ao redor da boca, remendos de pele grossa, chifres na frente de seus olhos e um focinho altamente sensível.
É loucura que esse detalhe da face tenha sido colhido das superfícies ósseas, mas, como explica Michael Greshko na revista National Geographic, “o osso vivo é moldado pelas matrizes de músculos, nervos e vasos sanguíneos que constantemente batem contra ele e o nutrem“.
Todos estes tecidos deixam uma impressão no osso fossilizado, que dá então sugestões aos investigadores sobre como a criatura há muito extinta seria fisicamente. Ainda assim, para reunir o retrato do predador, os pesquisadores tiveram que ir além de seu campo de estudo e comparar seus achados com a anatomia dos parentes vivos mais próximos dos dinossauros – pássaros e crocodilos.
Eles encontraram uma teia complexa de nervos faciais, surpreendentemente semelhante ao que pode ser encontrado embaixo da pele dos crocodilos hoje. Os pesquisadores sugerem que ter um focinho supersensível teria sido útil para os antigos predadores para pegar ovos e tiranossauros bebê. Eles podem até ter esfregado os narizes juntos como uma espécie preliminar.
“Nosso achado de uma rede sensorial complexa é especialmente interessante porque é derivado do nervo trigêmeo“, diz um dos membros da equipe, o anatomista Jayc Sedlmayr da Escola de Medicina de Nova Orleans. “Ele tem uma história evolucionária extraordinária de se transformar em seis sentidos diferentes em diferentes espécies de vertebrados”, completou.
O nervo trigêmeo no rosto do tiranossauro é o mesmo que coleta informações sensoriais através de bigodes em muitos animais, e também faz com que algumas pessoas espirrem sob a luz do Sol. “De certa forma, os componentes faciais do nervo trigêmeo destes dinossauros espelham os dos seres humanos“, disse Sedlmayr.
“Ele traz de volta a sensação de nossos músculos faciais, permitindo-nos refinar e coordenar as exposições emocionais e sociais tão importantes para a comunicação humana.”, completou.
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