Poucas pessoas no mundo já ouviram falar de Ariel Scheinerman, um político da extrema-direita de Israel. Mas, certamente, todas as pessoas que têm grande poder de decisão no mundo conhecem Ariel Sharon, como é conhecido o primeiro-ministro de Israel.
O primeiro-ministro trocou a sua assinatura para homenagear o vale Sharon, lugar onde funcionava uma cooperativa agrícola durante a sua juventude.
Nascido em Kfar Mahal, aldeia ao norte de Tel Aviv, no dia 28 de fevereiro de 1928, época em que o território estava sob jurisdição britânica, Sharon liderou operações militares contra tropas do Egito na Faixa de Gaza, em 1950.
Em 67, já general, durante a Guerra dos Seis Dias, comandou uma divisão que conquistou Jerusalém Oriental, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, e, em 73, liderou a captura do Terceiro Exército do Egito, colocando um ponto final na Guerra do Yom Kippur.
Linha-dura
Sua carreira política começou em 77, quando foi eleito para uma das cadeiras do Knesset, o parlamento israelense. Neste mesmo ano, foi nomeado ministro da Agricultura. Com fama de linha-dura, Sharon foi muito contestado em 82 (quando ocupava o cargo de ministro da Defesa de Israel), ao planejar uma invasão ao Líbano.
Sem comunicar os seus planos para o então primeiro-ministro Manachem Begin, Sharon invadiu o Líbano alegando que precisava expulsar do país um núcleo influente da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), comandada por Yasser Arafat, morto em 2004. A falta de planejamento na operação pode ser explicada pelos números: Beirute, a capital do Líbano, ficou parcialmente destruída e cerca de 2.000 palestinos (entre os quais crianças, idosos e mulheres) foram mortos.
Pressionado internamente e apontado pela Justiça de Israel como responsável pelo massacre, Ariel Sharon foi demitido do cargo de ministro da Defesa, mas não deixou a política. Adorado pela direita, principalmente pelo feroz combate à OLP, no começo da década de 90 Sharon voltou a integrar o governo israelense, sendo nomeado ministro da Habitação.
Em 96, uma promoção. O então primeiro-ministro Binyamin Netanyahu assinou um decreto nomeando-o ministro das Relações Exteriores. A derrota de Netanyahu nas eleições realizadas em 99 não afastou Ariel Sharon da vida pública. O político assumiu o comando do seu partido, o Likud.
Sangue e guerra
Em 1953, na liderança de uma unidade (101) do Exército, criada especificamente para combater os árabes, Sharon comandou uma operação contra a aldeia de Kibya, na Cisjordânia, explodindo 45 casas e matando 69 pessoas. As ações dessa unidade provocaram a morte de tantos civis palestinos que o governo de Israel teve de emitir um comunicado proibindo matar mulheres e crianças.
Três anos depois, foi acusado de insubordinação e desonestidade por seus superiores, durante a campanha do Canal de Suez. O historiador militar israelense Martin Van Cheveld, da Universidade Hebraica de Jerusalém, escreveu que os soldados comandados por Ariel Sharon "avançavam da forma mais incompetente possível, resultando em uma batalha totalmente desnecessária, que se tornou a mais sangrenta da guerra".
Acostumado a conviver com a violência, Sharon é oriundo de uma família de sionistas russos que emigraram para a Palestina no começo do século 20. O primeiro-ministro também participou de um momento histórico pela paz entre Israel e Egito, assinado em 1979, que ficou conhecido como o tratado de Camp David, uma referência à residência de verão dos presidentes dos Estados Unidos. Apesar de ter se posicionado contra o acordo, Sharon comandou a retirada dos colonos judeus do Sinai, ocupado por Israel desde a Guerra do Yom Kippur.
Em fevereiro de 2001, Sharon chegou ao ponto mais alto de sua carreira: primeiro-ministro de Israel. Quando tomou posse, anunciou que sua principal missão seria a segurança do povo israelense.
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