quarta-feira, 27 de maio de 2015

Biografia e obras de Hélio Jaguaribe



Hélio Jaguaribe de Matos foi um cientista político brasileiro. Filho do general Francisco Jaguaribe de Mattos, cartógrafo e geógrafo, e de Francelina Santos Jaguaribe de Matos, oriunda de uma família portuguesa, conhecida pela produção e comercialização de vinho do Porto. Jaguaribe formou-se em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1946. Três anos depois, tornou-se responsável pelo suplemento cultural semanal do Jornal do Comércio.

Em meados da década de 1950, iniciou um projeto de expansão da Companhia Ferro e Aço de Vitória, de sua família. A nova usina da Ferro e Aço foi concluída em 1961 e Jaguaribe dirigiu esse empreendimento até 1964, quando renunciou à presidência da empresa.

Em 1952, passou a se reunir com um grupo de intelectuais paulistas e cariocas no Parque Nacional de Itatiaia (RJ), com a finalidade de estudar os problemas que a sociedade enfrentava. Em 1953, os cariocas do grupo de Itatiaia fundaram o Instituto Brasileiro de Economia e Sociologia e Política (Ibesp), do qual Jaguaribe foi secretário-geral. O Ibesp publicou a revista Cadernos de Nosso Tempo, entre 1953 e 1956, que reunia ensaios sociais e econômicos.

Os integrantes do Ibesp decidiram, em 1955, criar um órgão por meio do qual pudessem influenciar nas decisões do poder relativas à orientação do desenvolvimento. Por decreto do governo de Café Filho, foi criado o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), um dos núcleos mais importantes de elaboração da ideologia que ficou conhecida como nacional-desenvolvimentismo.

No fim de 1958, Jaguaribe publicou "O nacionalismo na Atualidade Brasileira", desencadeando uma crise interna no Iseb por criticar o radicalismo de posições que transformavam o nacionalismo em um símbolo contra a participação de capitais estrangeiros no processo de desenvolvimento.

O então Ministro da Educação, Clóvis Salgado, decidiu reunir o Conselho Curador e Consultivo para deliberar sobre a finalidade do Iseb. Apesar do resultado ter sido favorável à Jaguaribe, Roland Corbisier recorreu ao Presidente Juscelino Kubitschek e ao Ministro da Educação, conseguindo reformular a estrutura do Instituto, aumentando o poder do diretor sem que ficasse submisso ao Conselho Curador. Em 1959, exonerou-se, por discordar dessas mudanças.

Com o golpe militar de 1964, Jaguaribe afastou-se do país, depois de ter condenado a derrubada de João Goulart. De 1964 a 1966, lecionou na Universidade de Harvard; de 1966 a 1967, na Universidade de Stanford; e de 1968 a 1969, no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Ao retornar ao Brasil, em 1969, ingressou nas Faculdades Integradas Cândido Mendes, onde foi diretor de Assuntos Internacionais. Com a fundação do Instituto de Estudos Políticos e Sociais (Iepes), em 1979, foi designado decano.

Em 1983, a Universidade Johannes Gutenberg, de Mainz, Alemanha, conferiu-lhe o grau de doutor honoris causa em filosofia, por sua contribuição às ciências sociais e aos estudos latino-americanos.

Jaguaribe coordenou o projeto Brasil 2000, em 1985, encomendado pelo governo José Sarney. Os resultados foram publicados em 1986 com o título "Brasil 2000: para um novo pacto social". A segunda parte do projeto, "Brasil: reforma ou caos", foi lançada dois anos depois.

Em 1988, participou da formação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Em 1992, renunciou aos cargos partidários para ser Secretário da Ciência e Tecnologia do governo Fernando Collor de Mello, deixando o cargo quando foi aprovado o impeachment do presidente, para dedicar-se exclusivamente à vida acadêmica.

A partir de 1994, passou a dirigir um projeto de pesquisa e análise da história universal ("A Critical Study of History"), que ligou o Iepes à Universidade de São Paulo e à Universidade de Buenos Aires, reunindo cientistas sociais e historiadores do mundo todo.
Hélio Jaguaribe casou-se com Maria Lúcia Charnaux com quem teve cinco filhos.

Jaguaribe recebeu diversas homenagens. Em 1996 recebeu a grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Em 1999 foi o Ministério da Cultura que lhe entregou a Ordem do Mérito Cultural. Ainda, no Brasil, recebeu a Ordem do Rio Branco.


Em outros países, Jaguaribe também foi homenageado. Em 1984 foi agraciado Grande Oficial da Ordem do Mérito e com a Orden del Libertador San Martín. Ainda nesse ano, no México, foi condecorado com a Orden Mexicana del Aguilla Azteca. Em Portugal foi agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique em 2001.

Principais obras de Hélio Jaguaribe

  • La nueva dependencia (juntamente com outros autores). Lima, Editora Moncloa, 1969.
  • La dependencia político-econômica de América Latina (juntamente com outros autores). México: Siglo XXI, 1970, 1987.
  • Problems of world modeling (compilação, juntamente com outros autores). Cambridge: Ballinger Publ. Company, 1977.
  • La política internacional de los años 80: una perspectiva latinoamericana (compilação). Buenos Aires: Editorial de Belgrano, 1982.
  • A democracia grega (juntamente com outros autores). Brasília: Editora Universitária de Brasília, 1982.
  • Brasil: sociedade democrática]] (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1985.
  • Brasil, 2000 (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
  • Brasil: reforma ou caos (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
  • A proposta social-democrata (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1989.
  • Sociedade, estado e partidos, na atualidade brasileira (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
    • Versão espanhola: México: Fondo de Cultura Económica del México, 1993 (dois volumes).
  • Transcendência e mundo na virada do século (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: In Sight, 1994.
  • Economia mundial em transformação (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1994.
  • Brasil: proposta de reforma, subsídios para revisão constitucional e planejamento estratégico (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
  • Desenvolvimento, tecnologia e governabilidade (juntamente com outros autores). São Paulo: Nodel, 1994.
  • Eleições 1994: cenários políticos (com Francisco Weffort). São Paulo: Coordenadora de Comunicação e Eventos da FIESP/CIESP, 1994.
  • Sagrado e profano: XI retratos de um Brasil, fim de século (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Agir, 1994.
  • El Estado en America Latina (juntamente com outros autores). Buenos Aires: CIEDLA, 1995.
  • Argentina y Brasil en la globalización (com Aldo Ferrer). Buenos Aires: Fonde de Cultura Económica, 2001.

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