sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Movimento operário no Brasil resumo


Movimento operário

A origem do movimento operário no Brasil se deu, sobretudo, por influência dos imigrantes estrangeiros que vieram para o país, no final do século XIX, para trabalhar nas lavouras de café. Esses imigrantes eram prioritariamente italianos, alemães, japoneses, poloneses, entre outros.

 Os imigrantes, engrossando as fileiras de trabalho das primeiras indústrias brasileiras, no início do século XX, trouxeram da Europa as ideias e teorias em voga entre a classe trabalhadora europeia. As principais teorias sociais difundidas no Brasil foram o socialismo científico e o anarquismo. As principais lutas reivindicativas do operariado brasileiro se concentraram em torno das melhores condições de trabalho, menor carga horária de trabalho e assistência trabalhista.

A teoria socialista, mais precisamente o socialismo científico, teve sua origem nos pensamentos de Karl Marx (1818-1883) e exerceu importante papel na articulação dos operários. O Partido Socialista Brasileiro foi fundado na primeira década do século XX, no ano de 1906. O anarquismo teve como principal mentor Mikhail Bakunin (1814-1876).

Na primeira década do século XX, o Brasil já tinha um contingente operário com mais de 100 mil trabalhadores, sendo a grande maioria concentrada nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi nesse contexto que as reivindicações por melhores salários, jornada de trabalho reduzida e assistência social conviveram com perspectivas políticas mais incisivas que lutavam contra a manutenção da propriedade privada e do chamado “Estado Burguês”.


Entre os anos de 1903 e 1906, greves de menor expressão tomavam conta dos grandes centros industriais. Tecelões, alfaiates, portuários, mineradores, carpinteiros e ferroviários foram os primeiros a demonstrar sua insatisfação. Notando a consolidação desses levantes, o governo promulgou uma lei expulsando os estrangeiros que fossem considerados uma ameaça à ordem e segurança nacional. Essa primeira tentativa de repressão foi imediatamente respondida por uma greve geral que tomou conta de São Paulo, em 1907.

Mediante a intransigência e a morosidade do governo, uma greve de maiores proporções foi organizada em 1917, mais uma vez, em São Paulo. Os trabalhadores dos setores alimentício, gráfico, têxtil e ferroviário foram os maiores atuantes nesse novo movimento. A tensão tomou conta das ruas da cidade e um inevitável confronto com os policiais aconteceu. Durante o embate, a polícia acabou matando um jovem trabalhador que participava das manifestações.

Esse evento somente inflamou os operários a organizarem passeatas maiores pelo centro da cidade. Atuando em outra frente, trabalhadores formaram barricadas que se espalharam pelo bairro do Brás resistindo ao fogo aberto pelas autoridades. No ano seguinte, anarquistas tentaram conduzir um golpe revolucionário frustrado pela intercepção policial. Vale lembrar que toda essa agitação se deu na mesma época em que as notícias sobre a Revolução Russa ganhavam os jornais do mundo.

Passadas todas essas agitações, a ação grevista serviu para a formação de um movimento mais organizado sob os ditames de um partido político. No ano de 1922, inspirado pelo Partido Bolchevique Russo, foi oficializada a fundação do PCB, Partido Comunista Brasileiro. Paralelamente, os sindicatos passaram a se organizar melhor, mobilizando um grande número de trabalhadores pertencentes a um mesmo ramo da economia industrial.


Exercícios movimento operário no Brasil

1) 

A única lei de legislação operária que teve larga aplicação é aquela que um advogado dos fazendeiros de São Paulo, um ilustre Adolfo Gordo qualquer, ampliou: a lei de expulsão dos estrangeiros do território da república, aplicada aos operários mais ou menos estrangeiros que se organizassem em liga de resistência e cuidassem dos próprios interesses.

GIGI DAMIANI
"O Brasil visto por um anarquista italiano"
04/09/1921.

 Presente Álvaro de Oliveira Monteiro (3ª Testemunha), Português  com trinta e cinco anos de idade, solteiro, padeiro, residente à rua Dois de Fevereiro numero cinquenta e nove, sabendo ler e escrever, inquirido disse que hoje, cerca de sete horas da manhã, conduzia um cesto de pão a fim de distribuir tal alimento a freguesia e ao passar pela rua Doutor Dias da Cruz um grupo de grevistas e empregados da padaria o forçaram a largar o cesto de pão no qual atearam fogo, impedindo assim que elle declarante exercesse o seu commercio; que desse grupo tomavam parte os acusados presentes que foram presos, tendo os demais conseguido se evadirem.

Brasil: Arquivo Nacional, 7ª Pretoria Criminal, Freguesias de Inhaúma, Irajá
e Jacarepaguá - 1912-1922 (Fundo 72), Ano: 1912, Notação: 72.0465.

Os textos acima apontam para um quadro desolador da situação da classe trabalhadora brasileira na Primeira República. O primeiro foi escrito por um militante operário, e o segundo é parte integrante de um arquivo policial da época. Ambos demonstram tanto a ótica sob a qual as elites políticas viam o mundo do trabalho quanto a fragilidade do movimento operário.

Indique quatro razões que contribuíram para que esse movimento, no início do século XX, se encontrasse na situação descrita nos fragmentos.

2) "O movimento operário no Brasil iniciou-se em fins do século XIX e tinha como principal objetivo colocar um fim à exploração capitalista e construir uma nova sociedade. Na década de dez do século seguinte, viveu anos de fortalecimento, quando as principais cidades brasileiras foram sacudidas por greves, sendo uma das mais importantes a de 1917, em São Paulo, em que 70 mil trabalhadores cruzaram os braços, exigindo melhores condições de trabalho e aumentos salariais. Os anos 20, apesar de alguns avanços em termos de legislação social, foram difíceis para o movimento operário, que foi obrigado a enfrentar grandes desafios, entre os quais o recrudescimento da repressão por parte do governo. Apesar disso, não se pode deixar de reconhecer que foi nessa década que o movimento operário brasileiro ganhou maior legitimidade entre os próprios trabalhadores e a sociedade mais ampla, transformando-se em um ator político que iria atuar com maior desenvoltura nas décadas seguintes." (http://www.cpdoc.fgv.br/ nav_historia/ htm/ anos20/ ev_quesocial_movop.htm. Acesso em: 24-8-2003. Adaptado) Tendo como referência o texto acima, é CORRETO afirmar que

a) a classe operária assumiu a liderança da articulação sindical nacional, e sua principal conquista obtida pela greve de 1917 foi a criação do Ministério do Trabalho, cujo objetivo era enfrentar a questão social dos baixos salários.
b) os operários imigrantes tiveram participação expressiva na organização política do país e na criação de jornais, defendendo princípios oligárquicos e difundindo ideais vinculados ao totalitarismo, principalmente o nazismo e o comunismo.
c) o movimento operário no Brasil, nas primeiras décadas do século XX, recebeu forte influência do anarquismo e do anarco-sindicalismo, que fomentaram a criação, em 1932, do Partido Comunista Brasileiro, ligado à III Internacional.
d) a proibição do trabalho infantil até aos 12 anos e a fixação de jornada de trabalho diária de oito horas agitavam as principais bandeiras da classe operária, no início da organização sindical no Brasil.
e) sindicalismo brasileiro surgiu no ABC paulista, por meio da organização de greves nas grandes montadoras de automóveis e da superação das diretorias sindicais pelegas, apesar da grande resistência imposta pelos governos da Primeira República.

Gabarito:

1) O movimento operário no Brasil foi marcado por profunda divisão e rivalidades internas que o enfraqueceram, como os conflitos étnicos entre nacionalidades distintas e as divergências ideológicas e de objetivos entre anarquistas, socialistas, comunistas e "trabalhistas". Devem-se destacar também a fragilidade da indústria em um momento inicial da formação capitalista brasileira, responsável pela pequena repercussão do movimento grevista, e o posicionamento majoritário das elites políticas e econômicas, que apregoavam a "vocação agrária" do país. Some-se a isso a legislação essencialmente repressiva, que tratava a questão social como "caso de polícia", para que se possa compreender a dificuldade de organização dos trabalhadores nesse período.     2) D   

7 comentários: