sábado, 25 de janeiro de 2014

Meninas nepalesas casam com frutas para evitar estigma das viúvas

Mais de 50 meninas do Nepal se casaram na semana passada com uma fruta em um ritual destinado a protegê-las e garantir que não se transformem em viúvas, para evitar o estigma que sofrem neste país se seus futuros maridos morrem antes que elas.
Na tradição hindu e budista, as viúvas sofrem uma grande discriminação, com um status menor em sua comunidade: no hinduísmo muitas vezes são expulsas de suas famílias e obrigadas a mendigar. Além disso, não podem voltar a casar-se.
"Mas se casarem com uma fruta 'bael' (espécie de maçã do sul da Ásia) continuam casadas e não podem se transformar em viúvas", disse à Agência Efe Suraj Shakya, sacerdote budista que realizou a cerimônia de dois dias de duração há uma semana.
Os novos casamentos são mais comuns entre as viúvas que contraíram matrimônio com a fruta.
As meninas de entre três e sete anos vestiram roupas vermelhas e douradas iguais às usadas nos casamentos normais e rezaram à deusa Parvati, esposa do deus hindu Shiva, em um templo acompanhadas por suas mães.
As famílias pertencem à comunidade étnica newari nepalesa, cujas mulheres se casam em três ocasiões: uma antes dos sete anos, outra antes dos 13 anos ou da puberdade e a terceira vez com um marido humano, de acordo com Shakya.
A cerimônia termina com a união entre a fruta e a menina, que é oferecida por seu pai em cerimônia conhecida como "kanyadaan". Depois, se celebra um banquete tradicional de carne de búfalo e álcool caseiro de arroz.
"Após isso nossa responsabilidade como pais acaba", explicou Shakya.
EFE

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