terça-feira, 29 de abril de 2014

Biografia e obras de Machado de Assis



Um pintor de paredes mulato e uma portuguesa de prendas domésticas foram os pais do menino Joaquim Maria, neto de escravos alforriados, pobre e epilético, nascido em 21 de junho de 1839, no morro do Livramento, Rio de Janeiro, uma cidade então suja, malcheirosa e com uma população estimada de 300 mil habitantes.

Não se sabe se frequentou regularmente a escola. O que se sabe é que, adolescente, já se interresava pela vida intelectual da Corte, onde vamos encontrá-lo trabalhando como caixeiro de livraria, tipógrafo e revisor, antes de se iniciar como jornalista e cronista.

Na literatura mesmo, começou como poreta (fraco). Logo, seu estilo sutilmente irônico de cronista já conquistava os leitores dos jornais em que Machado escrevia.

Mas viver na escrita? Nem pensar! Machado segue uma carreira burocrática: o emprego público lhe garantia o sustento. Chegou a diretor de um órgão público. Aos poucos, foi chegando a estabilidade econômica e mais tempo livre...para escrever.

O amor de verdade - não o ficcional dos romances - para o homem Machado de Assis viria na figura de Carolina Novais, portuguesa e mais velha que o escritor.

No ano seguinte ao do casamento, publicou seu primeiro volume de contos: Contos fluminenses (1870). Três anos mais tarde, surgem as Histórias da meia-noite, Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878)

Na Segunda Fase ( fase realista ), Machado de Assis abre espaços para as questões psicológicas dos personagens. É a fase em que o autor retrata muito bem as características do realismo literário. Machado de Assis faz uma análise profunda e realista do ser humano, destacando suas vontades, necessidades, defeitos e qualidades. Nesta fase destaca-se as seguintes obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900) e Memorial de Aires (1908).

De sua vida pessoal, pouco se sabe ao certo. Apenas que viveu feliz ao lado de carolina, durante 35 anos. Era o ano de 1904. A morte de Carolina representou o desmoronamento da vida de Machado de Assis.

"Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo (...) Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei tempo em recordá-la, irei vê-la, ela me esperará".

Carolina não teve que esperar mais que quatro anos.

Com a vista fraca, uma renitente infecção intestinal e uma úlcera na língua, em 1º de agosto Machado vai pela última vez à Academia Brasileira de Letras - que fundara em 1896 e da qual fora eleito presidente primeiro e perpétuo. Na madrugada de 29 de setembro de 1908, lúcido, recusando a presença de um padre para a extrema-unção, morreu Machado de Assis, reconhecido pelo público e pela crítica como um grande escritor.

Foi sepultado ao de Carolina, cumprindo o que prometera quatro anos antes à mulher, num soneto de despedida:

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração de companheiro

Principais obras de Machado de Assis

Romances

Ressurreição - 1872 
A mão e a luva - 1874 
Helena - 1876 
Iaiá Garcia - 1878 
Memórias Póstumas de Brás Cubas - 1881 
Quincas Borba - 1891 
Dom Casmurro - 1899 
Esaú e Jacó - 1904 
Memorial de Aires - 1908 

Poesia 

Crisálidas
Falenas
Americanas
Ocidentais
Poesias completas

Contos

A Carteira 
Miss Dollar 
O Alienista 
Noite de Almirante
O Homem Célebre
Conto da Escola 
Uns Braços 
A Cartomante 
O Enfermeiro
Trio em Lá Menor
Missa do Galo 

Teatro

Hoje avental, amanhã luva - 1860 
Desencantos - 1861 
O caminho da porta, 1863 
Quase ministro - 1864
Os deuses de casaca - 1866 
Tu, só tu, puro amor - 1880 

Lição de botânica - 1906 

Características gerais da obra de Machado de Assis

1. Personagens:

São geralmente burgueses – classe dominante;
Procura desmascarar o “jogo” das relações sociais;
Enfatiza o contraste entre aparência x essência;
Mostra-nos de maneira impiedosa e ajuda a vaidade, a futilidade, a hipocrisia, a inveja, o prazer carnal.

2. Processo Narrativo:

Há pouca ação, poucos fatos;
Os personagens são esféricos à apresentam complexidade psicológica;
Apresenta digressões à ordem cronológica interrompida;
Conversa, dialoga com o leitor, faz reflexão, aguça o leitor.

3. Humor

O humor machadiano tem duas funções: ora visa a criticar o ser humano e suas fraquezas, ora demonstra compaixão pelo homem. No primeiro caso, o humor revela-se através da ironia; no segundo, faz o leitor refletir sobre a condição humana.

4. Visão da natureza como mãe e inimiga

A natureza - considerada aqui como todas as forças que estabelecem e conservam a ordem do universo - é ao mesmo tempo mãe e inimiga do homem. Mãe porque criou o ser humano; inimiga porque mantém-se impassível diante do sofrimento, que só terá fim com a morte.

5. A teoria do Humanitismo

Trata-se de uma teoria formulada pela personagem Quicas Borbas, que aparece em dois romances de machado. O próprio Quincas define o que é o Humanitismo:

 - Mas que Humanitas é esse?
  - Humanitas é o princípio. Há nas coisas todas certa substância recôndita e idêntica, uma princípio único, universal, eterno, comum, indivisível e indestrutível. (...)

Pois esssa substância ou verdade, esse princípio indestrutível é que é Humanitas. Assim lhe chamam porque resume o universo, e o universo é o homem.

O Humanitismo, na verdade, é uma caricatura que Machado criou para retratar uma religião positivista comum em sua época, religião esta que pretendia salvar o mundo e o homem.

6. Pessimismo:

Hipocrisia social;
Imperfeição da humanidade;
Mostra que as causas nobres sempre ocultam interesses impuros.

7. Linguagem:

Frases curtas, incisivas;
Humor e reflexão através de frases irônicas, sugestivas;
Apresenta metalinguagem à explica a própria linguagem;
Faz intertextualidade com obras consagradas;
Perfeição gramatical.

8. Perfil Feminino:


Mulheres racionais à fortes, dominadores, sensuais, “dissimuladas”, ambíguas, astuciosas e principalmente adúlteras (comprovar a vulnerabilidade do amor).

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