Alexandre Herculano Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, Santarém, 18 de Setembro de 1877) foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo. Filho de pais humildes, seu pai era «funcionário público» e a mãe pertencia a uma família de mestres artífices de certo prestígio na cidade. O jovem Alexandre Herculano recebeu alguma educação literária dos padres da Congregação do Oratório. Aos catorze anos, entrou para a Academia Real da Marinha, onde obteve um diploma que lhe permitiu frequentar a Aula de Comércio, ingressou também na aula Diplomática existente na Torre do Tombo.
Dentre as circunstâncias que contribuíram para formação intelectual, pouco sistemática, de Herculano foi talvez desenvolvida por mérito pessoal, principalmente no âmbito das línguas. Devido a dificuldades econômicas da família, impossibilitaram-no de frequentar a Universidade de Coimbra. Cerca de 1823 – 1830 iniciam-se as suas produções literárias com a tradução de Sciller e o poema Semana Santa.
Alexandre Herculano como foi educado num ambiente familiar de fortes convicções religiosas e de independência religiosa, não é de estranhar que as suas primeiras convicções tenham sido absolutistas, porém, o certo é que em 1831, já se encontrava como opositor ao absolutismo miguelista, exilando-se de Portugal para escapar à prisão. A sua situação como emigrado é a de um soldado desconhecido, conheceu a França e a Inglaterra, apesar de em França ter frequentado a biblioteca de Rennes pouco se sabe sobre as suas leituras e contatos culturais.
Volta a Portugal em 1832, integrado na expedição de D. Pedro que desembarcou na praia de Pampelido, próximo de Mindelo, Durante o cerco do Porto, colaborou na organização da Biblioteca Municipal, como seu segundo bibliotecário, sem prejuízo da sua participação corajosa nas lutas civis.
Em 1836 os setembristas derrubam o governo, este por incompatibilidades demite-se do cargo de bibliotecário, vem para Lisboa onde atacou a política setembrista em artigos publicados na imprensa, nomeadamente no panfleto «A Voz do Profeta».
Dedica-se então ao jornalismo, tomando a direção de uma das revistas mais influentes do nosso romantismo: O Panorama onde publica ao longo dos anos seguintes vários artigos, cartas, capítulos de posteriores obras tais como: Lendas e Narrativas e o Bobo o Eurico e o Pároco da Aldeia; as Cartas sobre a História de Portugal; os Apontamentos para a História dos Bens da Coroa e Forais. Em 1839 é nomeado pelo rei-consorte, D. Fernando diretor das bibliotecas Reais das Necessidades e da Ajuda.
Politicamente, Herculano chega a ser deputado na legislatura de 1840 onde alinhava pelo partido cartista ou conservador, embora na sua ala esquerda, abandonando o cargo por desinteresse da vida parlamentar. Em 1852 é admitido na Academia Real das Ciências como sócio efetivo.
Em 1853–1854 percorre as instituições culturais do país, inventariando os documentos anteriores a 1280. Recusa condecorações, uma pasta de ministro e a cadeira de História do Curso Superior de Letras. Dirige a publicação dos Portugaliae Monumenta Historica entre 1856–1873. Tem um papel de relevo na redação do primeiro Código Civil Português entre 1860–1865.
Casou tardiamente, em 1866 com a mulher da sua juventude Mariana Hermínia Meira. e, por questões políticas retira-se para a quinta de Vale de Lobos onde abandona a literatura (apenas escreve Opúsculos ) e dedica-se à agricultura até á morte. Em 1871 participa na polêmica travada à volta das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense.
Em 1877 na sua quinta, no dia 13 de Setembro, morre Herculano, o «homem de maior prestígio intelectual e moral da sua geração».
Obras de Alexandre Herculano
Poesia
- A Voz do Profeta – 1836
- A Harpa do Crente – 1838
- Poesias - 1850
- Teatro
- O Fronteiro de África ou três noites aziagas
- Os Infantes em Ceuta – 1842
Romance
- O Pároco de Aldeia (1825) - 1851
- O Galego: Vida, ditos e feitos de Lázaro Tomé
Romance histórico
- O Bobo (1128) – 1843
- O Monasticon
- Eurico, o Presbítero: Época Visigótica – 1844
- O Monge de Cister; Época de D. João I – 1848
- Lendas e narrativas - 1851
- 1.º tomo
- O Alcaide de Santarém (950-961)
- Arras por Foro de Espanha (1371-2)
- O Castelo de Faria (1373)
- A Abóbada (1401)
- 2.º tomo
- Destruição de Áuria: Lendas Espanholas (século VIII)
- A Dama Pé de Cabra: Romance de um Jogral (Século XI)
- O Bispo Negro (1130)
- A Morte do Lidador (1170)
- O Emprazado: Crónica de Espanha (1312)
- O Mestre Assassinado: Crónica dos Templários (1320)
- Mestre Gil: Crónica (Século XV)
- Três Meses em Calecut: Primeira Crónica dos Estados da Índia (1498)
Célebres frases de Alexandre Herculano
- “É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos; a vontade vence-os.”
- “O segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros.
- “A ingratidão é o mais horrendo de todos os pecados.”
- “Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais.
- “Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar as minhas opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.”
- "O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias dos outros, do que a refletir e a raciocinar.”
- “Realidade ou desejo incerto, o amor é o elemento primitivo da atividade interior; é a causa, o fim e o resumo de todos os defeitos humanos.”
- “É o progresso das ideias que traz as reformas, e não o progresso dos males públicos quem as torna inevitáveis.
- “Que a tirania de dez milhões se exerça sobre um indivíduo, que a de um indivíduo se exerça sobre dez milhões, é sempre tirania, é sempre uma coisa abominável.”
- “Das definições possíveis do homem, uma só é verdadeira: o homem é o animal que disputa.”
- “Para secar as lágrimas de uma viúva jovem não há como as mãos do amor.”
- “O erro vulgar consiste em confundir o desejar com o querer. O desejo mede obstáculos; a vontade vence-os.”
- “Querer é quase sempre poder: o que é excessivamente raro é o querer.”
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