terça-feira, 15 de abril de 2014

Biografia e obras de João Calvino



João Calvino (Noyon, 10 de julho de 1509 — Genebra, 27 de maio de 1564) foi um religioso francês. É um dos principais teóricos da Reforma protestante do século XVI, ao lado do alemão Martinho Lutero. Nasceu em Noyon, filho de um secretário do bispado da cidade. Em 1523, ingressa na Universidade de Paris, onde estuda Latim, Filosofia, Dialética e acaba por formar-se em direito. 

Em fevereiro de 1525, o rei Francisco I foi encarcerado temporariamente em Pavia pelas tropas do imperador Carlos V. Com a intervenção do papa Clemente VII a favor de Francisco, a influência papal junto do rei de França aumenta consideravelmente. Numa bula de 17 de maio de 1525 dirige-se a Francisco para que tome providências contra o crescente número de "blasfemos" em França e contra os ataques a imagens religiosas.

Em 1 de junho de 1528 teve lugar em Paris o caso da Rue des Roisiers. Uma figura de madeira situada nessa rua (uma madona) foi decapitada por desconhecidos. O rei reage de forma veemente, organizando procissões, que passaram a ser repetidas anualmente. O incidente ainda era lembrado no século XIX. 

Em 1531, Calvino, num prefácio ao livro de um amigo, toma partido pelo seu professor Pierre de l'Estoile num texto que explora a disputa entre este e Andrea Alciati, talvez por lealdade e nacionalismo. O que prova que o Calvino de 1531 ainda não é um reformador mas, acima de tudo, um humanista. Neste mesmo ano morre o pai, Gerard Cauvin. Calvino vai a Bourges, a Orleães e regressa de novo a Paris, onde se instala em Chaillot. Publica em 1532 sua primeira obra, Dois Livros sobre a Clemência ao Imperador Nero, que marca sua adesão à Reforma. 

Em 1534, Calvino escreve o seu segundo livro, que será também o primeiro sobre religião. Chamar-se-á "Psychopannychia", palavra que deriva do grego e que significa: "A vigília da alma" . A tradução francesa "Psychopannychia, un traité sur le sommeil de l'âme" ("A vigília da alma - contra o sono da alma") introduziu a frase "sono da alma" como uma descrição crítica da crença na mortalidade da alma, ou "mortalismo cristão", que foi ensinada por Martinho Lutero, entre outros. É um livro relativamente pouco conhecido, em comparação com as outras obras de Calvino. Calvino faz uma crítica severa aos anabaptistas, que acusa de serem uma seita tresmalhada. O livro coloca questões teológicas, mais do que oferecer respostas. Calvino, nos seus 24 anos de idade, está em processo de busca. Defende nessa obra a imortalidade da alma. O título completo era: "Psychopannychia - tratado pelo qual se prova que as almas permanecem vigilantes e vivas uma vez que tenham deixado os corpos, o que contraria o erro de alguns ignorantes que sustentam que elas dormem até ao último momento" - o que é, também, um ataque aos anabaptistas. Apesar de escrito em 1534, o livro seria apenas publicado em 1542.

Em 1535, aos 26 anos, passa a ser considerado o chefe do protestantismo francês. Muda-se para Genebra, na Suíça, mas é perseguido pelas autoridades católicas e então refugia-se em Estrasburgo. Três anos depois, volta à Genebra, onde organiza uma nova igreja, com pastores escolhidos pelos fiéis, e funda o Colégio de Genebra, que se torna um dos centros universitários mais importantes da Europa. Sua doutrina é conhecida como calvinismo e diferencia-se do luteranismo basicamente pela noção de predestinação: para Calvino, a salvação é uma escolha divina, cabendo ao homem apenas cooperar com a vontade de Deus. Para ele, a realização de culto religioso deve ser feito em local simples e sem imagens. O culto deve ser composto apenas por comentários bíblicos, sem cerimônias;

Em março de 1536 é publicada em Basileia a primeira edição de "Institutio religionis Christianae". No prefácio menciona a sua estadia em Basileia, "enquanto na França são queimados na fogueira crentes e pessoas santas". Fala de santos mártires. Dirige-se no livro ao Rei Francisco I, que procura convencer das boas intenções da Reforma. Ao mesmo tempo, a sua teologia começa a adquirir contornos mais marcados e mais autónomos em relação ao Luteranismo. Uma tendência que se fortalecerá no futuro. Critica a vida dos mosteiros, que compara a bordéis. Calvino pretende não só a reforma da Igreja mas de todos os indivíduos. A institutio é "a organização da sociedade daqueles que acreditam em Jesus Cristo".


Em março de 1536, Calvino viaja até Ferrara na companhia de Louis Du Tillet. Calvino esperava um acolhimento aberto às ideias protestantes na sua estadia em Ferrara. Enganava-se. Teria de interromper a visita logo em Abril. Foi então até Paris. Mas Calvino não tem futuro em França. Numa carta ao amigo Nicolas Duchemin, compara a sua situação com a dos judeus no Egipto. A França era o seu Egipto. Queixa-se na mesma carta dos rituais da missa, considerando-os idólatras. Calvino sai definitivamente da França em 1536, procurando terras politicamente independentes da França e de espíritos mais abertos para a reforma. Dirige-se, então, para cidades dos territórios que hoje constituem a Suíça.

De ideologia ascética e puritana, o calvinismo inspira, mais tarde, o aparecimento do presbiterianismo. 

Em 1542, Calvino publica em Genebra o seu livro de catecismo: "Catéchisme de l'Église de Genève, c'est-a-dire, le formulaire d'instruire les enfants en la chrétienté". A chave do projecto de Calvino passa pela pedagogia. O seu objetivo é a profunda transformação das mentalidades. Cada resquício de superstição, de práticas de magia, ou de catolicismo é perseguido como idolatria.


Por volta de 1550, Calvino escreve ao rei Eduardo VI de Inglaterra, um protestante, encorajando-o nas suas reformas. O rei Eduardo VI fez acolher protestantes franceses, perseguidos no país natal. Após o reinado de Eduardo VI (1547-1553) o catolicismo regressa à Inglaterra sob a liderança de Maria Tudor.

João Calvino morreu em Genebra a 27 de maio de 1564. Foi enterrado numa sepultura simples e não marcada, conforme o seu próprio pedido no Cimetière des Rois, Genebra na Suíça.3 18

Obras de João Calvino

- De Clementia - obra anotada de Sêneca - 1532

- Psychopannychia - 1534

- Institutos da Religião Cristã - 1536


- Catéchisme de l'Église de Genève - 1542


- Calvino também publicou vários volumes de comentários sobre a Bíblia

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Calvino

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