quarta-feira, 2 de abril de 2014

Estudo liderado por brasileiro descobre primeiro asteroide rodeado de anéis

Imagem produzida por um artista mostra os anéis perto da superfície do asteroide Chariklo

Astrônomos descobriram anéis em torno de um asteroide de cerca de 250 quilômetros de diâmetro, o menor objeto já detectado a ter anéis. Anteriormente, o fenômeno só havia sido visto em planetas gigantes como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

A descoberta, publicada online nesta quarta-feira no periódico Nature, foi obra do acaso, segundo o líder da pesquisa, o brasileiro Felipe Braga-Ribas, do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. As observações foram feitas a partir de treze telescópios em onze pontos da América do Sul, entre eles o Observatório de La Silla do Observatório Europeu do Sul, no Chile, em 3 junho de 2013.

Ao observar a estrela UCAC4 248-108672, os astrônomos visualizaram uma escuridão por alguns segundos. O motivo, já previamente calculado, seria a passagem de um asteroide à frente da estrela. O que os cientistas não esperavam eram dois pontos luminosos aparecerem antes e depois da passagem do objeto, sugerindo que ele seria cercado por anéis. Trata-se da primeira evidência de que anéis podem circundar qualquer objeto no Sistema Solar, não apenas planetas gigantes. Os astrônomos constataram dois anéis pequenos feitos de gelo, um de 7 quilômetros e outro de 3 quilômetros de diâmetro, ao redor de Chariklo, como o asteroide foi denominado.

Formação — Os anéis são considerados o primeiro passo da formação de uma lua ou de um planeta. Acreditava-se que asteroides, por seu tamanho comparativamente pequeno, não poderiam ter anéis. “Encontrá-los em um objeto pequeno foi inesperado”, diz Felipe Braga-Ribas.

Ainda não se sabe como os anéis se formam. Acredita-se que eles sejam oriundos de restos de materiais resultantes de uma colisão que tenha ocorrido perto de um corpo celeste.

Chariklo pertence a uma classe de objetos chamada centauros, que atravessam o Sistema Solar em órbitas instáveis e podem se dividir entre asteroides e cometas. "Por eles serem muito pequenos e escuros e estarem muito longe da Terra, é difícil estudá-los", afirma Braga-Ribas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário