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sexta-feira, 18 de abril de 2014
Paleontólogos descobrem o mais antigo ancestral dos herbívoros
Paleontólogos descobriram o mais antigo ancestral dos herbívoros, com 300 milhões de anos, um espécime que ajuda a esclarecer o aparecimento dessa forma de alimentação no mundo animal, determinante para a evolução do ecossistema terrestre atual.
O fóssil parcial deste animal, denominado "Eocasea martini", que tinha menos de 20 centímetros de comprimento, representa "o primeiro vínculo entre os carnívoros e os herbívoros", disse à AFP o paleontólogo Robert Reisz, professor da Universidade de Toronto, no Canadá, principal responsável pela descoberta, divulgada em artigo publicado nesta quarta-feira na revista americana PLOS ONE.
O esqueleto do "Eocasea", ainda um carnívoro, apresentava certas características estreitamente relacionadas a uma linhagem de herbívoros, acrescentou Reisz, indicando que apenas uma parte do crânio, o essencial da coluna vertebral, a pélvis e uma pata traseira foram recuperados no Kansas.
Este animal, que viveu 80 milhões de anos antes do aparecimento dos dinossauros, fazia parte da classe "Synapsida", que inclui os primeiros herbívoros terrestres e os grandes predadores, ancestrais dos mamíferos modernos.
Antes da emergência dos herbívoros, um pouco depois do "Eocasea", os animais terrestres, todos carnívoros, alimentavam-se uns dos outros, ou comiam insetos. O aparecimento dos herbívoros "foi uma revolução da vida sobre a Terra, porque significou que os vertebrados puderam ter acesso diretamente a vastos recursos alimentares oferecidos pelos vegetais", destacou o pesquisador.
Os herbívoros, que se multiplicaram e cresceram, por sua vez, viraram uma fonte importante de nutrição para os grandes predadores, completou.
Assim, o "Eocasea" foi o primeiro animal a ativar um processo que resultou no ecossistema terrestre atual, no qual um grande número de herbívoros assegura o aporte alimentar de um número cada vez menor de grandes predadores, observou o professor Reisz.
Este fenômeno ocorre depois separadamente em outros grupos de animais, em pelo menos cinco ocasiões, afirmou.
"Uma vez que a via para o mundo da alimentação herbívora foi aberta pelo 'Eocasea' (...), vários grupos de animais continuaram evoluindo para desenvolver os mesmos traços", permitindo-lhes digerir a celulose, um glicídio que é a principal fonte de energia fornecida pelas plantas.
"Os primeiros dinossauros eram todos carnívoros antes que um grande número se tornasse herbívoro" no curso da evolução, revelou o cientista. Mas, ele admitiu, "não compreendemos porque essa evolução de carnívoro para herbívoro não aconteceu mais cedo, nem as razões pelas quais ela ocorreu separadamente em várias linhagens animais".
O paleontólogo Jörg Fröbisch, do "Museum für Naturkunde" e da Universidade Humboldt, em Berlim, é co-autor desses trabalhos.
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