Queijos produzidos com bactérias do corpo humano são a invenção das pesquisadoras Christina Agapakis e Sissel Tolaas, dos Estados Unidos e da Noruega, num projeto chamado “SelfMade”. A ideia é mostrar que alimentos podem “hospedar” organismos vivos.
Os queijos produzidos por elas usaram como ingredientes bactérias de nariz, pés, axilas, umbigo e lágrimas de outras pessoas. Cada queijo tem uma combinação única de micróbios e por isso, tem cheiro e gosto únicos, referentes ao corpo do doador. Onze deles são apresentados numa exibição em Dublin.
Para produzí-los, as pesquisadoras isolaram e identificaram comunidades microbianas usando técnicas microbiológicas e sequenciamento de RNA. As bactérias são misturadas ao leite, ajudando em sua coagulação. Os odores dos queijos também foram caracterizados por uma técnica que identifica compostos orgânicos voláteis.
Christina e Sissel questionam se culturas de bactérias na comida podem melhorar a tolerância das bactérias no corpo humano. Também levantam a discussão sobre se a biologia sintética pode mudar com um melhor entendimento de como as espécies de bactéria trabalham na natureza, em oposição a culturas puras de laboratório.
“A intersecção de nossos interesses em odores e comunidades microbianas nos levou a focar no queijo como um 'organismo-modelo'. Muitos dos queijos que mais cheiram mal são hospedeiros de espécies de bactérias estreitamente relacionadas com as bactérias responsáveis pelos cheiros característicos de axilas ou pés humanos”, afirmam em nota no site do Trinity College Dublin.
De acordo com as pesquisadores, “a crescente consciência sobre a ecologia humana microbiana e sua influencia na saúde está levando à compreensão mais ampla do corpo humano como um superorganismo”. Elas afirmam que as noções de si e do outro, de saúde e de doença, estão mudando para acomodar conceitos mais ecológicos de diversidade e simbiose.
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