Navegador português nascido em Sines em 1469, Alentejo, o primeiro a dar a volta à África contornando o Cabo da Boa Esperança, e a alcançar a Índia (1497-1499). Trabalhando como tripulante de frotas francesas que aportavam no Algarve e em Setúbal (1492), foi chamado por D. João II para chefiar uma expedição para descobrir uma rota marítima segura para as Índias, após o feito de Bartolomeu Dias, que descobrira o acesso por mar ao Oriente, ao vencer o cabo da Boa Esperança, tornando viável um novo caminho além do pelo Mediterrâneo, na época bloqueado pelos pelos turcos otomanos após a tomada de Constantinopla (1453). A viagem só foi iniciada com uma frota composta de quatro naus, já no reinado de D. Manuel I (1497).
Depois de vencer inúmeros problemas e adversidades como epidemias de escorbuto, deserções e mudanças de rota para contornar as calmarias, alcançou o território índico e foi recebido pelo samorim, governante hindu de Calicut (1498). Foi dessa aventura que Luís de Camões inspirou-se para escrever Os lusíadas, o maior poema épico da língua portuguesa. Após também uma conturbada volta, em teve inclusive de queimar uma das naus, chegou a Portugal (1499) e foi recebido como herói. Recebeu muitas homenagens, o título de dom, uma pensão anual, alguns bens e foi nomeado conselheiro do rei para assuntos marítimos.
A 12 de Fevereiro de 1502, Vasco da Gama comandou nova expedição com uma frota de vinte navios de guerra, com o objetivo de fazer cumprir os interesses portugueses no Oriente. Fora convidado após a recusa de Pedro Álvares Cabral, que se desentendera com o monarca acerca do comando da expedição. Esta viagem ocorreu depois da segunda armada à Índia, comandada por Pedro Álvares Cabral em 1500, que ao desviar-se da rota descobrira o Brasil. Quando chegou à Índia, Cabral soube que os portugueses que haviam sido aí deixados por Vasco da Gama na primeira viagem para estabelecer um posto comercial haviam sido mortos. Após bombardear Calecute, rumou para o sul até Cochim, um pequeno reino rival, onde foi calorosamente recebido pelo Rajá, regressando à Europa com seda e ouro.
Gama tomou e exigiu um tributo à ilha de Quíloa na África Oriental, um dos portos de domínio árabe que haviam combatido os portugueses, tornando-a tributária de Portugal. Com ouro proveniente de 500 moedas trazidas por Vasco da Gama do régulo de Quíloa (actual Kilwa Kisiwani, na Tanzânia), como tributo de vassalagem ao rei de Portugal, foi mandada criar, pelo rei D. Manuel I para o Mosteiro dos Jerónimos, a Custódia de Belém.
Nesta viagem ocorreu o primeiro registo europeu conhecido do avistamento das ilhas Seychelles, que Vasco da Gama nomeou Ilhas Amirante (ilhas do Almirante) em sua própria honra.
Vasco da Gama partira com o objectivo de instalar o centro português e uma feitoria em Cochim, após esforços consecutivos de Pedro Álvares Cabral e João da Nova. Bombardeou Calecute e destruiu postos de comércio árabes.
Depois de chegar ao norte do Oceano Índico, Vasco da Gama aguardou até capturar um navio que retornava de Meca, o Mîrî, com importantes mercadores muçulmanos, apreendendo todas as mercadorias e incendiando-o. Ao chegar a Calecute, a 30 de Outubro 1502, o samorim estava disposto a assinar um tratado, num acto de ferocidade que chocou até os cronistas contemporâneos, que o consideraram um acto e vingança pelos portugueses mortos em Calecute da sua primeira viagem.
Em 1 de Março de 1503 inicia-se a guerra entre o samorim de Calecute e o rajá de Cochim. Os seus navios assaltaram navios mercantes árabes, destruindo também uma frota de 29 navios de Calecute. Após essa batalha, obteve então concessões comerciais favoráveis do Samorim. Vasco da Gama fundou a colónia portuguesa de Cochim, na Índia, regressando a Portugal em Setembro de 1503. Vasco da Gama voltou a pátria em 1513 e levou vida retirada, em Évora, apesar da consideração de que gozava junto do rei .
Voltou a Índia (1519) para contornar as reações contra a presença portuguesa em Calicut, conseguiu a pacificação e um tratado bastante vantajoso para os portugueses em Cochim e retornou a Portugal. Foi designado conde de Vidigueira (1519) e nomeado vice-rei para a Índia, mas morreu logo depois de chegar em Cochin, (Índia), em 24 de dezembro de 1524, sendo seu corpo transportado e enterrado em Portugal.
É importante ressaltar que os poemas de Luís de Camões relatam, em boa parte, as viagens de Vasco da Gama. Seu legado foi positivo no sentido de ter colocado Portugal na rota principal de comércio naquela época. Porém, não conseguiu levar bens de interesse para a índia. Além disso, contabilizaram-se perdas significativas da tripulação por conta dos perigos das rotas marítimas.
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