Médico, sanitarista e cientista mineiro (1879-1934). Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas é o descobridor do processo de contágio e evolução de duas das mais graves moléstias tropicais, a malária e a Doença de Chagas, que leva seu nome.
Filho de fazendeiros, nasce em Oliveira, Minas Gerais. Começa a estudar em São João del Rei, concluindo o colegial em Ouro Preto. Estuda medicina no Rio de Janeiro, concluindo o curso em 1903. Nesse mesmo ano ingressa no Instituto Bacteriológico Osvaldo Cruz (RJ), que dirige de 1917 a 1934.
Em 1905, enviado a Santos (SP) por Osvaldo Cruz para deter a epidemia de malária, descobre que a transmissão é feita pelo pernilongo. Com isso, torna possível o combate à moléstia.
Em 1907, ao chefiar a comissão de estudos para a prevenção de malária em Minas Gerais, toma conhecimento de uma epidemia de causa desconhecida, mais tarde chamada de Doenças de Chagas.
Em 1909, identifica o agente causador da doença, um protozoário ao qual dá o nome de Trypanossoma Cruzi, em homenagem a Osvado Cruz. Também descobre o inseto transmissor, o barbeiro. As descobertas permitem o desenvolvimentos de métodos para a erradicação e tratamento dessas doenças e lhe valem o reconhecimento internacional.
Em 26 de outubro de 1910, a Academia Nacional de Medicina reconheceu formalmente o trabalho realizado pelo cientista e o recebeu como membro honorário, já que tal entidade não dispunha de lugares vagos no momento. Nessa solenidade, Chagas proferiu a primeira conferência sobre a doença. Em 1911 divulgou os resultados à Sociedade de Medicina e Cirurgia de Minas Gerais e, em agosto, uma segunda conferência à Academia Nacional de Medicina. Nesse mesmo ano ocorreu a Exposição Internacional de Higiene e Demografia, em Dresden, Alemanha, onde, no pavilhão brasileiro, foi mostrado a doença, que despertou grande público. Em 1912 foi a vez da classe médica paulista recebê-lo para uma apresentação sobre a doença descoberta em Lassance.
Carlos Chagas foi chamado pelo Presidente Wenceslau Braz para controlar a epidemia que assolou o Rio de Janeiro em 1918. Além da falta de assistência médica, precárias condições de higiene e a falta de saneamento, a gripe espanhola contaminou dois terços da população e fez onze mil vítimas. Carlos Chagas instalou vários postos de atendimento médico, e no Instituto Osvaldo Cruz incentivou a pesquisa da doença e com medidas preventivas a infecção foi debelada no mesmo ano.
Carlos Chagas foi reconhecido por suas pesquisas e descobertas, recebendo prêmios e homenagens de vários países, entre eles, Alemanha, França, Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra e Estados Unidos.
Carlos Chagas morre no dia 8 de novembro, no Rio de Janeiro, acometido por um infarto.
Principais obras de Carlos Chagas
- Estudo hematológico do impaludismo, trabalho de tese para Doutorado, Rio de Janeiro, 1903.
- Nova espécie de tripanossoma humano, boletim da Société de Pathologie Exotique, Paris, 1909.
- Nova tripanossomíase humana, Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1909.
- As formas do novo tripanossoma, 1913.
- Revisão do ciclo de vida do tripanossoma cruzi, nota suplementar, Rio de Janeiro. 1913.
- Processos patogênicos da tripanossomíase americana, Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1916.
- Tripanossomíase americana: estudo do parasita e sua transmissão, The Chicago Medical Recorder, Chicago, 1921.
- Tripanossomíase americana (doença de Chagas, Berlim, 1925.
- Aspectos evolutivos do Trypanosoma cruzi e do inseto transmissor, notas da Société Biologique, Paris, 1928.
- Alterações decorrentes da doença de Chagas, Paris, 1928.
- Tripanossomíase americana, Doença de Chagas, En: Enrico Villela e H. da Rocha Lima, publicado na Handbuch der Tropenkrankheiten, Berlim, 1929.
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