segunda-feira, 24 de março de 2014

Frida Kahlo - biografia, obras e frases


Frida Frida Kahlo:  Sua Obra, Sua Força

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón nasceu em 6 de julho de 1907 na casa de seus pais, conhecida como La Casa Azul (A Casa Azul), em Coyoacán, na época uma pequena cidade nos arredores da Cidade do México e hoje um distrito. Filha do famoso fotógrafo judeu-alemão Guillermo Kahlo e de Matilde Calderon y Gonzales, mestiça, Frida sempre foi apaixonada pela cultura de seu país e adorava tudo que remetesse às tradições mexicanas. Fato que ela sempre fazia questão de demonstrar em sua maneira de se vestir e em seu trabalho ao incluir elementos da cultura popular. Trnou-se uma das personagens mais marcantes da história do México. Patriota declarada, comunista e revolucionária Frida Kahlo, como ficou conhecida, teve uma vida de superações e sofrimentos que refletidos em sua obra a tornaram uma das maiores pintoras do século.


Em 1913, com seis anos, Frida contraiu poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida. A poliomielite deixou uma lesão no seu pé direito, pelo que ganhou o apelido de Frida pata de palo (ou seja, Frida perna de pau). Passou a usar calças, depois longas e exóticas saias, que se tornaram uma de suas marcas pessoais.
 Frida Kahlo:  Sua Obra, Sua Força
Duas Fridas
Ao contrário de muitos artistas, Kahlo não começou a pintar cedo. Embora o seu pai tivesse a pintura como um passatempo, Frida não estava particularmente interessada na arte como uma carreira.


Em seu diário, publicado em 1995 e traduzido para diversas línguas, e em sua autobiografia publicada em 1953, Frida deixou registradas suas dores e sobretudo suas frustrações pela infidelidade do marido, por quem era extremamente apaixonada, e pela impossibilidade de ter filhos. Toda sua obra, constituída majoritariamente por auto-retratos reflete essa condição.
Sua primeira tragédia acontece quando ela tinha seis anos e uma poliomelite a deixou de cama por vários dias. Como seqüela, Frida fica com um dos pés atrofiado e uma perna mais fina que a outra. Mas o fato trágico que mudaria sua vida para sempre aconteceu quando ela tinha dezoito anos.
Frida na época estudava medicina na primeira turma feminina da escola Preparatória Nacional. Então, no dia 17 de setembro de 1925, na volta para casa, ela e seu noivo Alejandro Goméz Arias, sofreram um grave acidente de ônibus que a deixou a beira da morte. Transpassada por uma barra de ferro pelo abdômen e sofrendo múltiplas fraturas, inclusive na coluna vertebral Frida levou vários meses para se recuperar. Ao todo foram necessárias 35 cirurgias e mesmo depois da recuperação ela teria complicações por causa do acidente pelo resto de sua vida chegando a relatar : “E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo.”

Foi durante o período em que esteve se recuperando que surgiu a pintora. Sua mãe colocou um espelho sobre sua cama e um cavalete adaptado para que ela pudesse pintar deitada e Frida fez seu primeiro auto-retrato dedicado a Alejandro que a havia abandonado: “Auto-retrato com vestido de Terciopelo”. Sobre sua obstinação em pintar auto-retratos, 55 ao todo, que representam um terço de toda sua obra ela justificava dizendo: “Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.

Dois anos depois do acidente Frida leva três de seus quadros a Diego Rivera, um famoso pintor da época que ela conhecera quando freqüentava a Escola Preparatória Nacional em 1922, para que os analisasse. Esse encontro resultou no amor de ambos e na revelação de uma grande artista.


Em 1928, entrou no Partido comunista mexicano e conheceu o muralista Diego Rivera, com quem se casa no ano seguinte. Sob a influência da obra do marido, adotou o emprego de zonas de cor amplas e simples, num estilo propositadamente reconhecido como ingênuo. Procurou na sua arte afirmar a identidade nacional mexicana, por isso adotava com muita frequência temas do folclore e da arte popular do México.

Casa-se aos 22 anos com Diego Rivera, em 1929, um casamento tumultuado, visto que ambos tinham temperamentos fortes e casos extraconjugais. Kahlo, que era bissexual, teve um caso com Leon Trotski depois de separar-se de Diego. Rivera aceitava abertamente os relacionamentos de Kahlo com mulheres, mesmo eles sendo casados, mas não aceitava os casos da esposa com homens.

Em 1930 Frida engravida e sofre seu primeiro aborto ficando muito abalada pela impossibilidade de levar adiante uma gravidez devido a seu estado de saúde delicado. Sobre essa dor ela confessou: “Pintar completou minha vida. Perdi três filhos e uma série de outras coisas que teriam preenchido minha vida pavorosa”.
No mesmo ano, já tendo recuperado sua mobilidade, porém com limitações e tendo que usar freqüentemente um colete de gesso, Frida acompanha Diego em suas viagens aos EUA revelando seu talento para o resto do mundo e encantando a todos com seu jeito irreverente e único.

Em 1932 ela sofre seu segundo aborto sendo hospitalizada em Detroit (EUA), e sua mãe morre de câncer no dia 15 de setembro do mesmo ano. Em 1934 o casal está de volta ao México, mas Frida sofre novo aborto e tem os dedos do pé direito amputados. O relacionamento com Rivera piora e ele começa a traí-la com sua irmã mais nova Cristina. No ano seguinte Frida e Rivera se separam e Frida conhece o escultor Isamu Noguchi com tem um caso, mas logo ela e Rivera se reconciliam e voltam a morar juntos no México.

Em 1936 novas cirurgias no pé além de persistentes dores de coluna, um problema de úlcera, anorexia e ansiedade. Apesar de tudo, em 1937, Frida conhece Leon Trotski que se refugia em sua casa em Coyoacan junto com a esposa Natalia Sedova. Trotski foi seu mais famoso caso de amor.

Em 1938, Fria Kahlo conhece André Breton, escritor, poeta e famoso teórico do surrealismo, que se encanta por sua obra e lhe apresenta Julian Levy, colecionador e dono de uma galeria em Nova York, responsável por organizar a primeira exposição individual de Frida, realizada em 1939.

A exposição foi sucesso absoluto e ela logo estava realizando exposições em Paris onde conheceu grandes artistas como Pablo Picasso, Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Eluard e Max Ernst. Frida foi a primeira pintora mexicana a ter um de seus quadros expostos no Museu do Louvre, mas foi apenas em 1953, um ano antes de sua morte, que ela consegue realizar uma exposição de suas obras na Cidade do México.

Ainda em 1939 Frida e Diego se separam novamente, desta vez oficialmente, mas voltam a se casar em 8 de dezembro do ano seguinte.


Em 1941 morre Guillermo Kahlo e ela e Diego mudam-se para a “Casa Azul”, hoje um museu em sua homenagem. Em 1942 ela começa a escrever seu famoso diário onde escreve sobre todas as suas dores e pensamentos em um emaranhado de textos propositadamente sobrepostos, cheio de ilustrações e cores.

De 1942 a 1950 Frida é eleita membro do Seminário de Cultura do México, passa a dar aulas na escola de arte “La Esmeralda”, mas sua saúde cada vez pior a obriga a lecionar em casa. Com o quadro “Moisés”, Frida ganha o Prêmio Nacional de Pintura concedido pelo Ministério da Cultura do México. Nesse período ela também é obrigada a fazer mais de seis cirurgias e usar um colete de ferro que quase a impede de respirar permanecendo longos períodos no hospital e tendo de usar uma cadeira de rodas.

Em agosto de 1953 ela tem sua perna amputada na altura do joelho devido a uma gangrena. Sobre mais esse duro golpe Frida escreve em seu diário:
”Amputaram-me a perna há 6 meses, deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco a razão. Continuo a querer me matar. O Diego é que me impede de o fazer, pois a minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta. Ele disse-me isso e eu acreditei. Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida. Vou esperar mais um pouco…”.

No mesmo diário ela também desenhara uma coluna cercada por espinhos com a legenda: “Pés, para que os quero se tenho asas para voar.” Revelando a ambiguidade de seus sentimentos com relação a todo seu sofrimento.

A idéia da morte parecia algo tranqüilizador para Frida que tivera uma vida tão conturbada e freqüentemente ela se refere a isso em seu diário e em sua autobiografia, porém mais do que nunca ela tenta se agarrar a vida, pois como ela dizia: “…a tragédia é o mais ridículo que há…” e “…nada vale mais do que a risada…” .

Mas sua condição delicada não a impediu de participar, mesmo em uma cadeira de rodas de uma manifestação contra a intervenção norte-americana na Guatemala em 1954.

Em 13 de julho de 1954, Frida Kahlo, que havia contraído uma forte pneumonia, foi encontrada morta. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte. Mas não se descarta que ela tenha morrido de overdose, devido ao grande número de remédios que tomava, que pode ter sido acidental ou não. A última anotação em seu diário, que diz "Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar - Frida", permite a hipótese de suicídio.
Com base na autópsia de Frida, pesquisadores acreditam que ela pode ter sido envenenada por uma das amantes de seu marido.
Diego Rivera escreveu em sua auto-biografia que o dia da morte de Frida foi o mais trágico de sua vida.

Casa Azul, o museu
Quatro anos após a sua morte, sua casa familiar conhecida como "Casa Azul" transforma-se no Museu Frida Kahlo. Frida Kahlo, reconhecida tanto por sua obra quanto por sua vida pessoal, ganha retrospectiva de suas obras, com objetos e documentos inéditos, além de fotografias, desenhos, vestidos e livros.

Para saber mais:
Em 2002 foi lançado o filme “Frida” com a atriz Salma Hayeck no papel da personagem principal e Alfred Molina no papel de diego Rivera. A direção é de Julie Taymor e o filme recebeu dois Oscar por melhor maquiagem e trilha sonora.

Estilo artístico de Frida Kahlo

- Abordagem de temas pouco ortodoxos.
- Estética muito próxima do Surrealismo.
- Influência da arte folclórica indígena mexicana, cultura asteca, tradição artística europeia, masrxismo e movimentos artísticos de vanguarda.
- Pintou muitos autorretratos, paisagens mortas e cenas imaginárias.
- Uso de cores fortes e vivas.
- Abordagem de temas de sua própria vida.
- Presença de objetos simbólicos em suas obras.

Principais obras de Frida Kahlo

Autorretrato em vestido de veludo, 1926
Retrato de Miguel N. Lira,1927
- Retrato de Cristina — minha irmã, 1928
O ônibus, 1929
Frida Kahlo e Diego Rivera, 1931
Henry Ford Hospital, 1932
Autorretrato com colar, 1933
Meus avós, meus pais e eu, 1936
As duas Fridas, 1939
Autorretrato com cabelos cortados, 1940
Autorretrato com colar de espinhos e colibri, 1940
Autorretrato como tehuana, 1943
Diego em meu pensamento, 1943
O veado ferido, 1946
Diego e eu, 1949

- Melâncias, 1954
O marxismo dará saúde aos doentes, 1954

Frases de Frida Kahlo

- "Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?"
- "Eu nunca pinto sonhos ou pesadelos. Pinto a minha própria realidade."
- "Bebi porque queria afogar minhas mágoas, mas agora as coisas malditas aprenderam a nadar."
- "Eu pinto autorretratos porque estou muitas vezes sozinha e porque eu sou a pessoa que eu conheço melhor."
- "A pintura tem ocupado minha vida. Perdi três filhos e uma série de coisas que poderiam ter preenchido a minha vida horrível. A pintura substituiu tudo. Eu acho que não há nada melhor do que trabalhar. "
- "Estou quase terminando o quadro que nada mais é que o resultado da tal operação. Estou sentada à beira de um precipício - com o colete em uma das mãos. Atrás estou deitada numa maca de hospital - com o rosto voltado para a paisagem - um tanto das costas está descoberto, onde se vê a cicatriz das facadas que me deram os cirurgiões filhos de sua... recém-casada mamãe.''
- ''Estou pintando um pouco, sinto que aprendi algo e estou menos estúpida do que antes.''
- ''Eu vou mal e irei pior ainda mas aprendo pouco a pouco a ser só, e isso já é alguma coisa, uma vantagem, um pequeno triunfo.''
- ''Acho que é melhor nos separarmos e eu ir tocar minha música em outro lugar com todos os meus preconceitos burgueses de fidelidade.''




Fontes:

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