sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Biografia e obras de Joaquim Manuel de Macedo



Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) nasceu em Itaboraí, Rio de Janeiro. Formado em medicina, nunca exerceu a função. Deu aulas de Geografia e História do Brasil no Colégio Pedro II e foi preceptor dos filhos da princesa Isabel. Seguiu também carreira política como deputado provincial e geral. Simultaneamente a essas ocupações produziu prolífica e variada obra intelectual.

Se do ponto de vista estético Macedo não deixou nenhuma grande obra, é a seu romance de estreia, A moreninha, publicado em 1844, que cabe o verdadeiro início da tradição desse gênero no Brasil. Admirado desde sua publicação, esse romance é ainda hoje presença marcante na cultura brasileira, o que se comprova, por exemplo, pelas mais de dez edições atuais do livro. Contudo, seu sucesso editorial duradouro não é tão importante quanto o efeito que o primeiro romance de Macedo, assim como os que vieram na sequência, teve no estabelecimento de uma cultura romanesca brasileira. De fato, seus romances, que quase sempre seguiram as convenções românticas — como a prevalência do amor, o confronto entre amor e dever, a ocultação e posterior revelação de uma identidade central da intriga — tiveram um papel fundamental na consolidação de um pequeno mas cativo público de leitores de romance. Além disso, a “admiração e respeito” que A moreninha conferiu a seu autor motivaria um jovem como José de Alencar a também arriscar sua incursão no gênero (ver nesse site Como e porque sou romancista, p.27-28). Pouco a pouco, ao longo dos anos seguintes, formou-se em torno do romance um circuito composto por obras, autores e leitores autóctones.

Sendo os romances de Macedo constitutivos dos primeiros e cambaleantes passos do mais importante gênero literário do século XIX, o contato com sua obra teria mais a ganhar se abordada do ponto de vista da constituição desse gênero essencial, entre outras coisas, para a formação da autoimagem da jovem nação brasileira. O problema da forma romanesca é, aliás, uma das preocupações de um crítico contemporâneo de Macedo e que será mais tarde o autor de romances que completarão o ciclo que A moreninha abriu: Machado de Assis.

É imbuído desse propósito que, ao fazer a crítica do romance O culto do dever, de 1865, Machado afirma que procurará “ver se o autor atendeu a todas as regras da forma escolhida, se fez obra d’arte ou obra de passatempo” [Obra completa em quatro volumes, vol.3, p.1107] . O curso de sua análise mostrará que, nesse livro, o romancista de Itaboraí não cumpriu as exigências da primeira hipótese, pois à sua narrativa faltou o poder transfigurador da arte; nas palavras do crítico: “a simples narração de um fato não constitui um romance, fará quando muito uma gazetilha; é a mão do poeta que levanta os acontecimentos da vida e os transfigura com a varinha mágica da arte.” [p.1108]. Contudo, aquilo que Machado aponta como o fracasso de Macedo em elevar sua narrativa a um nível artístico talvez seja um ponto central de seu programa romanesco. Indicativo disso é um comentário — feito por Macedo no prólogo do romance. O Forasteiro — sobre a forma literária que praticou mais assiduamente: “uma obra ligeira, como é de ordinário o romance.” Embora retórico, uma vez que com obras ligeiras não se conquista admiração e respeito, o comentário pode ser levado a sério e servir como juízo certeiro do conjunto da ficção macediana. Está assim lançado o desafio de compreender a interação que havia, no meio letrado brasileiro dos meados do séc. XIX, entre sucesso literário e obra ligeira.

O acesso a cerca de duas dezenas de romances (além de obras de outros gêneros) de Joaquim Manuel de Macedo, a maioria dos quais há muito não são reeditados nem se encontram facilmente em bibliotecas, abre uma grande oportunidade para aqueles que se proponham a retraçar esses primeiros passos do romance no Brasil. A esse respeito caberia um comentário incentivador: curiosamente, mas não por acaso, aquilo que há de mais interessante na obra de Macedo são os livros (ainda editados, o que indica a permanência de seu valor) que não se enquadram na fórmula de romance romântico que norteou quase todas suas obras de ficção. Nesse sentido, os defeitos de seus romances românticos parecem constituir um enigma cujo desvendamento muito contribuiria para a melhor compreensão da formação do gênero romanesco no país.
Enfim, àqueles que simplesmente queiram aproveitar o que Macedo escreveu de melhor, é recomendável a leitura de A carteira do meu tio e Memórias do sobrinho do meu tio, sátiras políticas que, em suas passagens sinistramente atuais, garantem boa diversão. Outro livro “fora de esquadro”, A luneta mágica, espécie de fábula cômico-filosófica, também garante leitura agradável.

Principais obras de Joaquim Manuel de Macedo

 Romances:

A moreninha (1844)
O moço loiro (1845)
Os dois amores (1848)
Rosa (1849)
Vicentina (1853)
O forasteiro (1855)
Os romances da semana (1861)
Rio do Quarto (1869)
A luneta mágica (1869)
As Vítimas-algozes (1869)
As mulheres de mantilha (1870-1871).

Sátiras políticas

A carteira do meu tio (1855)
Memórias do sobrinho do meu tio (1867-1868)

Dramas

O cego (1845)
Cobé (1849)
Lusbela (1863)

Comédias

O fantasma branco (1856)
O primo da Califórnia (1858)
Luxo e vaidade (1860)
A torre em concurso (1863)
Cincinato quebra-louças (1873)

Poesia

A nebulosa (1857)

A moreninha de Joaquim Manuel de Macedo - resumo

Chegava o dia de Sant’ana e Filipe convidou seus amigos Leopoldo, Fabrício e Augusto para irem à ilha de Paquetá, na casa de sua avó D. Ana. Conversando, os jovens estudantes de medicina, questionam a inconstância de Augusto em seus romances e assim, fizeram uma aposta. Filipe apostou com Augusto que indo para a ilha ele acabaria apaixonado por uma das moças que lá estaria e que se ele se mantivesse apaixonado quinze dias por uma só moça ele lhe escreveria um romance contando o fato, caso contrário Filipe escreveria um romance contando sua derrota. 

Chegava o dia de irem para ilha, Fabrício escreveu uma carta pedindo a ajuda de Augusto, pois seu namoro com D. Joana não estava bem. Ele agia de forma clássica em seus romances, mas por questionamentos de Augusto resolveu agir de forma romântica e assim se envolveu com a prima, de Filipe, D. Joana, e a moça, a partir de então, não lhe deixava em paz com exigências. Queria que Augusto o ajudasse a se livrar da moça. 


Assim chegaram à ilha, Augusto foi interceptado por uma senhora que lhe tomou numerosas horas com narrações maçantes, quando finalmente se viu livre de tal senhora foi ter com D. Carolina, irmã de Filipe, mas nesse momento Fabrício o convocou para uma palavra. Pediu-lhe a resposta da carta, mas Augusto havia perdido a paciência com a maçante senhora e, além disso, não teve oportunidade de ficar com D.Carolina; recusou a ajuda. 

Fabrício, então para se vingar da recusa ao pedido, revelou na mesa de jantar as inconstâncias nos amores de Augusto, ele se defendeu alegando que não podia se prender e amar uma só senhora, pois enquanto uma tinha um sorriso cativante outra tinha um lindo colo e assim justificava-se pela beleza do sexo oposto. Depois do jantar todas as senhoras, temendo o rapaz, o deixaram sozinho. Por fim D.Ana lhe concedeu o braço e foram passear. 

Caminharam até chegar a uma gruta e lá foi novamente questionado pela sua inconstância, então revelou por que agia de tal forma. Quando tinha seu treze anos, encontrou-se na praia com uma menina travessa que devia ter seus oito anos, logo os dois se tornaram grandes camaradas e decidiram se casar, passaram a tratar um ao outro como “meu esposo” e “minha mulher”. Assim não se importaram com nomes, continuavam a brincar quando chegou um menino chorando até eles. 
O pai do menino estava morrendo, correram os três até uma cabana, Augusto e sua “mulher” encontraram um velho moribundo, sua mulher e seus filhos, deram todo dinheiro que tinham para a família, o velho então os abençoou e sabendo do desejo que tinham de se casarem, pediu a eles um objeto de valor. Augusto lhe entregou um camafeu de ouro e a menina um botão de esmeralda. O velho entregou o camafeu de ouro para a menina e o botão de esmeralda para o menino, dessa forma no futuro se reconheceriam e se casariam. Assim os dois foram embora, a menina foi ao encontro dos pais e nunca mais se viram. 

Não amou nunca mais, até que questionado iniciou seus namoros, primeiro namorou a uma moça morena que depois de lhe jurar gratidão e ternura casou-se com um velho de sessenta anos. Depois amou a uma corada que em um baile ouviu-a dizer a outro que ele era um pobre rapaz com quem se divertia, em terceiro amou a uma jovem pálida que zombava dele e do primo ao mesmo tempo, jurou então não amar nem um desses três tipos de moça, mas então percebeu que assim não podia amar nem sua “mulher” então depois de uma canção iniciou sua inconstância. 

A cada ponto dessa narração ouvia alguém correndo na porta da gruta, mas quando ia lá só via a travessa D. Carolina, distante a se divertir. Explicando-se foi até uma fonte ao fundo da gruta e bebeu de sua água em um copo que ficava ali justamente pra isso. Após beber D.Ana contou-lhe sobre a lenda daquela fonte que era na verdade as lágrimas de uma virgem que muito chorou em cima do rochedo da gruta por não ser correspondida pelo mancebo que todos os dias visitava àquela ilha, as gotas de suas lágrimas penetraram o rochedo e caíram sobre o mancebo que acabou apaixonando pela virgem. E ali ficara a fonte, dizia a lenda que quem bebesse daquela fonte não sairia da ilha sem amar um de seus habitantes. 
Logo que saíram da gruta D.Carolina estava em cima do rochedo cantando a canção que a virgem cantava. Assim voltaram todos para a casa. 
Estando na casa caiu café sobre as calças brancas de Augusto que foi trocá-las, Filipe lhe disse que poderia se trocar no quarto das moças, Augusto acabou aceitando e assim que estava de siroulas entram no quarto: Joana, Gabriela, Quinquina e Clementina. O rapaz correu e se escondeu debaixo da cama e lá ficou ouvindo as confidências das moças. Essas foram interrompidas por um berro de Carolina, as moças saíram e em seguida Augusto saiu vestido. 
A serva Paula que amamentara Carolina havia bebido muito ao fazer companhia para o S. Kleberc e estava desmaiada. Logo muitos diagnósticos vieram, Filipe e seus amigos disseram o que tinha acontecido, logo viram que se tratava de bebida, mas como Carolina não acreditaria e seria mais divertido mentir inventaram loucuras acerca do que havia acontecido. Logo a noite seguiu cheia de diversão. 

No entanto, Augusto não se agradava com os jogos que os jovens faziam, faltava ali D. Carolina. D. Ana vendo a inquietação do rapaz perguntou-lhe o que tinha e com a resposta mandou ir procurá-la, achou-a junto a Paula, acabava de brigar com uma escrava que dizia que a água para o escalda-pés da outra estava muito quente, e assim decidiu por si mesma fazer. Logo a vendo segurar os gemidos provados pela dor da água fervendo Augusto se ofereceu a fazer ele mesmo o escalda-pés. 
De início Augusto achara Carolina feia, depois a achara travessa e agora estava a ponto de achá-la bela. E todos viam que Carolina deitava maior delicadeza para ele. Assim seguiu os dias. Durante um sarau Augusto se declarou para quatro senhoras, essas depois reunidas descobrindo tais declarações decidiram que fariam uma brincadeira com ele para se vingarem, escreveram-lhe um bilhete pedindo que fosse para a gruta no dia seguinte onde lhe esperariam, assinaram como uma incógnita. 


Mas Carolina havia ouvido tudo e com outro bilhete anônimo contou a verdade para Augusto, mas mesmo assim ele foi até a gruta só que quem riu foi ele, ao chegar lá disse que adivinharia segredos das quatros assim que bebesse da água da fonte que era mágica. Assim em particular falou a elas sobre os segredos que elas mesmos haviam revelado naquele dia no quarto. Assim todas foram embora, quando Augusto ia sair apareceu Carolina na gruta e disse que ela lhe revelaria agora o passado presente e futuro dele. 

Falou-lhe sobre a “sua mulher” e sobre as moças que o ignoraram, falou que no futuro, estaria apaixonado e esqueceria sua mulher e depois lhe falou sobre o presente. Por fim voltaram todos à corte. Mas Augusto não era o mesmo, confidenciou a Fabrício que amava Carolina, essa, na ilha, andava entre suspiros e deixara de ser a menina travessa que era. 
Assim no fim de semana seguinte Filipe voltou à ilha, e disse que no dia seguinte Augusto viria. Logo Carolina se alterou e no dia seguinte vestida de branco foi para cima do rochedo quando a embarcação de Augusto apontou, a menina voltou para casa, ele da embarcação conseguiu vê-la, mas rapidamente a perdeu. Foi um dia agradável, Carolina se tornou a sua “bela mestre” e Augusto o seu “aprendiz” e assim ela o ensinava a bordar. A cada erro dele a menina dava-lha um puxão de orelha e nesse momento suas mãos se apertavam no encontro. 

No domingo seguinte voltou e como tarefa trouxe um lenço bordado, mas Carolina se encheu de ciúme pois o lenço estava perfeito e assim a pobre acreditou que ela havia tomado outra mestre, mas depois de tudo esclarecido, ele tinha pago pelo lenço, voltaram ao que era antes e foram brincar com as bonecas dela. Depois, enquanto caminhavam na praia, Augusto declarou que a amava. 
Quando voltou pra a corte seu pai estava lá e com a chegado do domingo não o permitiu que fosse até a ilha, trancou-o no quarto e assim o rapaz adoeceu. Carolina também se mostrava muito infeliz. Até que chegou um homem à ilha e em conferência com D.Ana explicou que o rapaz estava doente. Com a chegada do domingo e também a notícia da melhora de Augusto, Carolina subiu ao rochedo e foi esperá-lo. Junto veio o pai dele. D.Ana e o pai de Augusto ficaram muito tempo a conversar até que os dois amantes foram chamados. 

D. Ana havia concedido a mão da neta a Augusto, perguntaram se ela aceitava o menino, depois de muito acanhamento pediu que dessem a ela meia hora e foi até a gruta. Antes do tempo se dar Augusto foi pra lá, Carolina então lhe disse que antes de aceitá-lo tinha que ter o perdão de sua “mulher” e que ele fosse procurá-la, antes dele sair da gruta Carolina lhe entregou o camafeu de ouro. Ela era sua “mulher”. Filipe, Fabrício e Leopoldo chegaram também à ilha e o noivado foi celebrado. O romance que Augusto devia já estava pronto e chamava-se “A moreninha”.


Fonte: vestibular.brasilescola.com
           www.brasiliana.usp.br/

Questões de vestibular sobre A moreninha de Joaquim José de Macedo

1) (UFP) Em linhas gerais, o romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, é:

a) o relato de uma história de fidelidade ao amor de infância, na sociedade brasileira do século passado.
b) a crônica de um caso amoroso ocorrido em fins do século XVII nas imediações do Rio de Janeiro.
c) uma história baseada no problema da escravidão, na sociedade brasileira do Segundo Império.
d) a história dramática de uma heroína às voltas com um amor impossível.
e) uma história que mostra a oposição Roça/Corte no século passado, através de um episódio amoroso.

2) Sobre o romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, leia o trecho reproduzido e responda à questão 
seguinte. 

 “Entre os rapazes, porém, há um que não está absolutamente satisfeito: é Augusto. Será porque no tal jogo da palhinha tem por vezes ficado viúvo?... não! ele esperava isso como castigo da sua inconstância. A causa é outra: a alma da ilha de ... não está na sala! Augusto vê o jogo ir seguindo o seu caminho muito em ordem; não se rasgou ainda nenhum lenço, Filipe ainda não gritou com a dor de nenhum beliscão, tudo se faz em regra e muito direito; a travessa, a inquieta, a buliçosa, a tentaçãozinha não está aí: D. Carolina está ausente!... 
 Com efeito, Augusto, sem amar D. Carolina, (ele assim o pensa) já faz dela idéia absolutamente diversa da que fazia ainda há poucas horas. Agora, segundo ele, a interessante Moreninha é, na verdade, travessa, mas a cada travessura ajunta tanta graça, que tudo se lhe perdoa. D. Carolina é o prazer em ebulição; se é inquieta e buliçosa, está em sê-lo a sua maior graça; aquele rosto moreno, vivo e delicado, aquele corpinho, ligeiro como abelha, perderia metade do que vale, se não estivesse em contínua agitação. O beija-flor nunca se mostra tão belo como quando se pendura na mais tênue flor e voeja nos ares; D. Carolina é um beija-flor completo.” 

MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. L&PM: Porto Alegre, 2001.p. 123-124. 

A única alternativa incorreta sobre a obra e o trecho lidos é: 

A) O cotidiano burguês do século XIX é apresentado em diversos capítulos, detalhando os hábitos e costumes da época. 
B) A comparação de D. Carolina a um beija-flor é um recurso estilístico próprio do Romantismo, e serve para enfatizar o caráter idealizador sobre a figura feminina. 
C) A inquietação de Augusto é causada pela ausência de D. Carolina, e não pelo fato de o jogo estar monótono. 
D) Augusto começa a enxergar a jovem D. Carolina como uma mulher sedutora e extravagante, após alguns dias devidamente instalado na ilha de... 
E) A obra sugere, em seu final, que o romance é resultado da derrota de Augusto na aposta realizada com seu amigo Filipe. 

3) Sobre o romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, é incorreto dizer que:

a) foi primeiramente publicado em folhetim e, em 1844, em livro.
b) é considerado a obra que inicia o Realismo no Brasil.
c) retrata hábitos da sociedade carioca do séc. XIX.
d) inaugura a ficção romântica no Brasil.
e) narra a história de amor entre Augusto e Carolina

(COPS - UEL -2005) As questões 4 a 8 referem-se ao texto abaixo, extraído do romance A Moreninha (1844), de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882). Trata-se do fragmento da carta escrita por Fabrício, estudante de medicina, a seu colega e amigo Augusto, pedindo-lhe ajuda para que passa safar-se de namoro não mais desejado.

“Malditos românticos, que têm crismado tudo e trocado em seu crismar os nomes que melhor exprimem as idéias!... O que outrora as chamava em bom português, moça feia, os reformadores dizem menina simpática!... O que numa moça era antigamente, desenxabimento, hoje é ao contrário: sublime languidez!... Já não há mais meninas importunas e vaidosas... As que o foram chamam-se agora espirituosas!... A escola dos românticos reformou tudo isso, em consideração ao belo sexo.” 

(MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. São Paulo: FTD, 1991. p.31.) 

4) De acordo com o texto e considerando o período em que a obra foi escrita, é correto afirmar: 

a) A figura de linguagem utilizada no texto para se referir ao modo como as mulheres passam a ser tratadas pelos artistas românticos é a hipérbole, que consiste no exagero com o intuito de realçar uma ideia. 
b) O termo “românticos”, utilizado no texto, diz respeito a estado de espírito, desviando-se do movimento artístico dominante na primeira metade do século XIX brasileiro. 
c) O movimento romântico teve caráter contestador, trazendo mudanças não somente para a arte como também para o comportamento. 
d) Percebe-se, no texto, forte influência do Positivismo, pois o personagem preocupa-se com a maneira através da qual os escritores românticos referem-se às mulheres. 
e) A referência ao modo de tratar a figura feminina exprime uma tentativa de aproximar dois pólos considerados inconciliáveis e opostos, denotando profundo gosto pelo paradoxal e antitético.

5) Considere as afirmativas a seguir. 
I. Há no texto uma nítida oposição entre “outrora” e “hoje”, podendo o primeiro ser lido como “época em que dominavam os valores clássicos”, e o segundo, como “época em que dominam os valores românticos”. 
II. No período clássico, a designação da realidade era feita através de palavras precisas, deixando claro que aquele que a focalizava possuía grande conhecimento da língua portuguesa padrão. 
III. No período romântico, a realidade não é mais vista por uma única perspectiva, por conseguinte, pode ser apreendida de maneira subjetiva. 
IV. Olhar a realidade de forma romântica ou de forma clássica vem a ser a mesma coisa, pois o olhar é, antes de mais nada, humano. 

Estão corretas apenas as afirmativas: 

a) I e II. 
b) I e III. 
c) II e IV. 
d) I, III e IV. 
e) II, III e IV. 

6) Dado o fato de haver no texto o emprego do substantivo “reformadores” aplicado aos românticos, 
é correto afirmar que Fabrício: 

a) Mostra-se conservador devido à peculiaridade de sua história familiar. 
b) Discorda da visão de mundo dos românticos, seus contemporâneos. 
c) Está efetuando leitura da oposição visão de mundo romântica e visão de mundo clássica em período posterior à ocorrência das mesmas. 
d) Possui visão de mundo católica, opondo-se aos adeptos da Reforma de Lutero. 
e) Apresenta-se neutro frente à oposição visão de mundo clássica e visão de mundo romântica. 

7) Sobre a expressão “em bom português”, presente no texto, considere as afirmativas a seguir. 

I. Conforme aparece no texto, indica o desejo de estar de acordo com a norma culta da língua portuguesa. 
II. Corresponde à expectativa de preservar, no uso corrente da língua portuguesa, a clareza e a 
objetividade. 
III. Conforme aparece no texto, aponta a valorização da fidelidade aos sentidos originais dos vocábulos. 
IV. É utilizada para ressaltar a admiração pela língua portuguesa conforme é falada em Portugal. 

Estão corretas apenas as afirmativas: 

a) I e III. 
b) II e III. 
c) II e IV. 
d) I, II e IV. 
e) I, III e IV. 

8) Sobre o uso do acento circunflexo em “têm” na primeira frase do texto, é correto afirmar: 

a) O verbo está acentuado dessa forma porque está no plural, concordando com “românticos”. 
b) O verbo aparece dessa forma porque é auxiliar, acompanhando o verbo “crismar”. 
c) O acento obedece à mesma norma de acentuação que determina a acentuação no verbo “ver”, na terceira pessoa do plural do presente do indicativo. 
d) O acento decorre da mesma regra que determina a acentuação em “românticos”: a nasalização da sílaba. 
e) O acento justifica-se por ser um dos casos especiais em que o verbo é precedido pelo pronome relativo “que”.

 Instrução: Leia o texto para responder às questões de
números 9 e 10.

 Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de
telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer.
O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão,
os mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há
quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos
minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza
todos os regalos da sua época; as moças são no sarau
como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui
uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas
dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um
bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o
parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté,
mesmo na ocasião em que a moça se espicha
completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco
vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela
sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que
qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao
mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos
inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis.
Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos
bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que
ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali
vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma
senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que
senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial
ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra,
durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros
batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e
senhores, recomendáveis por caráter e qualidades;
alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande
casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o
prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que
com aturado empenho se esforçam para ver qual delas
vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a
travessa Moreninha, princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)

9) A forma como se dá a construção do texto revela que ele é predominantemente
a) dissertativo, com o objetivo de analisar criticamente o que é um sarau.
b) descritivo, com o objetivo de mostrar o sarau comouma festa fútil e sem atrativos.
c) narrativo, com o objetivo de contar fatos inusitados ocorridos em um sarau.
d) descritivo, com o objetivo de apresentar as características de um sarau.
e) dissertativo, com o objetivo de relatar as experiências humanas em um sarau.

10) Considerando os papéis desempenhados pelas personagens no texto, é correto afirmar que

a) o diplomata é oportunista; o velho, conservador; os rapazes usufruem exageradamente os prazeres da vida;e as moças são frívolas.
b) o diplomata é astuto; o velho, intimista; os rapazes usufruem a vida dentro de suas possibilidades; e as moças vivem de sonhos.
c) o diplomata é perspicaz; o velho, saudosista; os rapazes usufruem prazerosamente a vida; e as moças encantam a todos.
d) o diplomata é trapaceiro; o velho, desencantado; os rapazes usufruem a vida de modo fútil; e as moças investem tão-somente na beleza exterior.
e) o diplomata é esperto; o velho, avançado; os rapazes usufruem a vida com parcimônia; e as moças vivem de devaneios

Gabarito:

1) A      2) D     3) B    4) E     5) B    6) B    7) D    8) E     9) D   10) C






7 comentários:

  1. Gostei , me ajudou por que vou fazer uma prova onde a obra a ser trabalhada é a Moreninha .

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  2. Gostei , me ajudou por que vou fazer uma prova onde a obra a ser trabalhada é a Moreninha .

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  3. A resposta da 7º questão é "B" e não "D" como fora sugerido

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  4. Gabarito da questao 1 ta errado, foi do seculo passado, a nao ser q a questao tenha sido feita em 1990, aí vcs teriam que por o ano das questoes

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