Um estudo recente revelou detalhes sobre animais encontrados nas ilhas da região oeste do Oceano Pacífico: as raposas voadoras. Mas não se deixe enganar! Essas “raposas” são na verdade morcegos que receberam esse apelido confuso por causa da coloração de seus pelos.
Considerados os maiores morcegos do mundo, o grupo das raposas-voadoras consiste em mais de 60 espécies que vivem nas ilhas remotas dos oceanos Pacífico e Índico e em partes continentais da Ásia e da Austrália.
Com asas que podem chegar a medir 1,4 metro, esses animais lembram raposas com pelos de coloração marrom-avermelhada. Podendo pesar até um quilo, as raposas-voadoras chegam a ser mais de três vezes maiores do que os tradicionais morcegos encontrados na América do Norte.
Desconhecidos na natureza
Embora um pesquisador alemão tenha descrito esses animais em 1836, nenhum estudo mais aprofundado foi realizado acerca da espécie justamente pela dificuldade de alcançá-los em lugares tão remotos.
Agora, uma equipe de pesquisadores do College of Micronesia está realizando o que pode ser considerado o primeiro estudo da área com a população de raposas-voadoras da espécie Pteropus pelagicus que habita as Ilhas Mortlock. Eles pretendem catalogar detalhes sobre uma das criaturas mais enigmáticas da natureza.
A equipe já foi capaz de identificar oito espécies de plantas que servem como alimento para os morcegos, sendo que eles parecem preferir frutas, como a fruta-pão, por exemplo, que é parecida com a jaca. Dessa maneira, os animais se encaixam na categoria de morcegos frugívoros, mesmo tendo caninos afiados que poderiam ser usados para rasgar carne.
Outra característica interessante descoberta até o momento é que a espécie se reproduz durante o ano inteiro, diferente de outros morcegos que costumam reservar determinadas épocas do ano para a reprodução.
Os morcegos e seus predadores
Os pesquisadores acreditam que a ilha tenha entre 900 e 1.200 morcegos que aparentemente não possuem nenhum tipo de predador que coloque a espécie em risco, a não ser os gatos selvagens e lagartos que foram introduzidos na ilha pelos humanos. Em algumas culturas, as raposas-voadoras são consideradas uma iguaria, mas os especialistas notaram que os habitantes de Mortlock não têm o hábito de caçar esse animal.
Mas o que realmente pode vir a ser um risco para esses morcegos é o futuro aumento do nível do mar associado às mudanças climáticas. Os pequenos atóis – ilhas de baixa profundidade – em que eles vivem alcançam apenas de 1 a 3 metros do nível do mar e podem acabar inundados em 2100, de acordo com as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
“Eles podem voar para outra ilha, mas, ao descobrirem que outros morcegos moram lá, provavelmente não conseguirão formar uma população própria. Então esse é basicamente o seu único hábitat”, explica Gary Wiles, coautor do estudo e pesquisador do Departamento de Pesca e Vida Selvagem de Washington.
O pesquisador ainda ressalta que esses dados representam apenas uma pequena parcela do estudo, mas ele espera que isso motive outros biólogos a desenvolver estudos adicionais que possam se aprofundar sobre os hábitos alimentares e reprodutivos desses morcegos.
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