sábado, 28 de dezembro de 2013

Gregório de Matos - Biografia, vida e obras



Poeta baiano (1636 - 1696). Um dos escritores mais originais da língua portuguesa no século XVII, durante o barroco. Nasce em Salvador, Bahia, no dia 23 de dezembro de 1636. Filho de pai português e mãe baiana, frequentou o Colégio da Companhia de Jesus. De família rica e proprietária de engenho, estuda Direito na Universidade de Coimbra, Portugal, de 1652 a 1661, onde faz carreira como jurista. 

Em 1661 já está casado e formado em Direito. Neste mesmo ano, é nomeado juiz em Alcácer do Sal, no Alentejo. Volta à Salvador, nomeado procurador da cidade, junto a corte portuguesa. Fica viúvo e casa-se novamente.

Em 1663 foi nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que é "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época.


Em 27 de janeiro de 1668 representou a Bahia nas Cortes de Lisboa. Em 1672 o Senado da Câmara da Bahia outorgou-lhe o cargo de procurador. A 20 de janeiro de 1674 foi novamente representante da Bahia nas cortes. Foi, contudo, destituído do cargo de procurador

Além de grande poeta, fez também um trágico retrato da vida e da cultura baiana do século XVII. Como não havia imprensa no Brasil Colônia, seus poemas tiveram circulação escrita e oral. Sua produção poética pode ser dividida em três linhas: satírica, lírica e religiosa. Seus poemas líricos e religiosos revelam influência do barroco espanhol. Sua poesia satírica é do tipo que ataca sem compostura, toda a sociedade baiana, da qual ele se sentia um censor e uma vítima. Por suas críticas ferinas, recebeu o apelido de "Boca do Inferno".

Volta ao Brasil em 1682. É nomeado "clérigo tonsurado" e tesoureiro-mor da Sé, na Bahia. Por recusar-se a receber as ordens sacras e a vestir batina, é destituído do posto em 1683 pelo Arcebispo João da Madre de Deus. Passa a viver da advocacia e a escrever sua obra satírica-erótica, que retrata a sociedade baiana da época. Seus poemas, de forte inspiração clássica, denunciam a ganância e o desejo de prazer dos poderosos, disfarçados sob um discurso moralizante.

 Leva vida boêmia até ser deportado para Angola (1694). Tornar-se conselheiro do governador Henrique Jaques Magalhães no país, e como compensação pelos serviços prestados, é autorizado a voltar para o Brasil, passando a viver no Recife, onde morre vitimado por uma febre contraída em Angola. Sua poesia sobrevive graças a manuscritos apócrifos. É publicada pela primeira vez em 1831, numa coletânea organizada por Januária da Cunha Barbosa: Parnaso Brasileiro ou Coleção das Melhores Poesias dos Poetas do Brasil, Tanto Inéditas como já Impressas.

A alcunha boca do inferno foi dada a Gregório por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Criticava também a "cidade da Bahia", ou seja, Salvador, como neste soneto:

Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas
De outros que estão por vir estranhos
Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos.
Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
macutas, correão, nevelão, molhos:
Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
E é que quem o dinheiro nos arranca,

Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.

Principais obras de Gregório de Matos

Obras de Gregório de Matos
Obras de Gregório de Matos, 1923-1933
Vol. I, Sacra
Vol. II, Lírica
Vol. III, Graciosa
Vols. IV e V, Satírica
Vol. VI, Última
Obras Completas de Gregório de Matos, 7 vols, 1968

Gregório de Matos - Obras Completas, 1945


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