Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) filho de um comerciante português e de uma cafuza (mestiça de negro e índio), nasceu em Caxias (MA), no dia 10 de agosto de 1823. Foi um poeta e teatrólogo brasileiro.
O pai tinha abandonado a mãe, com quem vivia e não era oficialmente casado. Gonçalves Dias passou a viver com o pai e a madrasta. Teve uma infância tranquila e, após os primeiros estudos, foi para Coimbra, onde deveria formar-se em direito. Lá conheceu escritores românticos portugueses. Os oito anos que viveu em Portugal foram muito importantes para a formação intelectual do poeta.
Volta ao Maranhão em 1845, depois de formado em Direito. Ocupa vários cargos no governo imperial e realiza diversas viagens à Europa. Vai para o Rio de Janeiro em 1846 e em 1847 publica o livro "Primeiros Cantos", que recebe elogios de Alexandre Herculano, poeta romântico português. Ao apresentar o livro, Gonçalves Dias confessa: "Dei o nome Primeiros Cantos às poesias que agora publico, porque espero que não sejam as últimas".
Em 1848 publica o livro "Segundos Cantos". Em 1849, é nomeado professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II. Durante esse período escreve para várias publicações, entre elas, o Jornal do Comércio, a Gazeta Mercantil e para o Correio da Tarde. Fundou a Revista Literária Guanabara.
Gonçalves Dias publica em 1851 o livro "Últimos Cantos". Regressa ao Maranhão, e conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, por quem se apaixona. Por ele ser mestiço, a família dela proíbe o casamento. Mais tarde casa-se com Olímpia da Costa, com quem segundo consta não foi muito feliz.
Gonçalves Dias exerceu o cargo de oficial da Secretaria de Negócios Estrangeiros, foi várias vezes à Europa e em 1854, reencontra casualmente Ana Amélia em Lisboa. Desse encontro resultou o conhecido poema "Ainda uma vez -adeus!".
Em 1862 regressou à Europa, em busca de tratamento: além de problemas cardíacos, sofria de malária, hepatite, gastrite. Na volta ao Brasil, o poeta morreu no naufrágio do navio onde viajava, no dia 3 de novembro . Afirma-se que Gonçalves Dias trazia prontos os cantos finais de Os timbiras, que planejara como um poema épico e dos quais tinha escrito somente quatro cantos.
É lembrado como um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira, e pela sua importância na literatura nacional, Gonçalves Dias é patrono da cadeira nº 15 da ABL, fundada por Olavo Bilac. E versos do seu principal poema, “Canção do Exílio”, estão no hino nacional: “Nossos bosques têm mais vida” / “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo. Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma ideia de Brasil à literatura nacional.
Informações biográficas de Gonçalves Dias:
Data do Nascimento: 10/08/1823
Data da Morte: 03/11/1869
Data da Morte: 03/11/1869
Principais obras de Gonçalves Dias
1843: Canção do exílio
1843: Patkull
1846: Primeiros cantos
1846: Meditação
1846: O Brasil e Oceania
1848: Segundos Cantos
1848: Sextilhas de Frei Antão
1846: Seus Olhos
1857: Os timbiras
1851: I-Juca-Pirama
1858: Dicionário da Língua Tupi, chamada língua geral dos indígenas do Brasil
1859: Segura o Índio Louco
1997: Zica da Patagônia
Características da Literatura Romântica de Gonçalves Dias
Fundamentou as bases da poesia brasileira, consolidando o Romantismo. Incorporou à nossa escrita temas e formas que serviam de modelo até o modernismo;
Dotado de Riqueza temática, abrangeu múltiplos assuntos em diversos aspectos, tais como: poesia Indianista, Lirismo amoroso, poesia saudosista, religiosa, medievalismo e poesia egótica. Veja um exemplo desta última forma:
Uma febre, um ardor nunca apagado,
Um querer sem motivo, um tédio à vida,
Sem motivo também – caprichos loucos,
Anelo doutro mundo e doutras coisas
Desejar coisas vãs, viver de sonhos,
Correr após um bem logo esquecido,
Sentir amor e só topar frieza,
Cismar venturas e encontrar só flores.
Características da obra A Lira Quebrada – Último Cantos
Há uma herança clássica em seus poemas, constituindo por um lado a rigidez, a sobriedade e o equilíbrio; e, do outro, o derramamento romântico.
Modelos Europeus portugueses influenciaram suas lírica e épica. Harmonizam-se a tradição das cantigas de amigo e a renovação romântica, tais como de poetas como Almeida Garret e Alexandre Herculano.
A Expressividade do ritmo marca o estilo de Gonçalves, e abrange todos os metros poéticos (formas de métrica e sílabas poéticas) da língua portuguesa.
Poesia Indianista – expressa um ideal de homem brasileiro, que é retratado no índio mítico e lendário, inspirado no “bom selvagem” de Jean Jacques Rousseau. Tem por base o cavaleiro medieval (herói, nobre, guerreiro, fiel aos deveres). Além disso, Gonçalves Dias não vê o colonizador branco com simpatia, e sim como o símbolo do terror e da exploração do índio.
Não sabeis o que o monstro procura?
Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos guerreiros,
Vem roubar-vos a filha, a mulher!
(Canto do Piaga)
Características da obra Juca pirama de Gonçalves Dias
I-Juca-Pirama: poema que narra o último descendente Tupi, que é feito prisioneiro de uma tribo inimiga. Leia abaixo alguns Trechos da obra:
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas, Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo Da tribo Tupi.
Da tribo pujante, Que agora anda errante
Por fado inconstante, Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte;
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.
Poesia Lírico-Amorosa -caracterizada pelo sentimentalismo e visão trágica do amor (amar é chorar, sofrer e morrer). Aparecem nos poemas as marcas do romantismo como o pessimismo, insatisfação e individualismo.
Ainda Uma Vez – Adeus!
I – Enfim te vejo! – enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito Penei! Cruas Ânsias
Dos teus olhos afastado
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!
Características da obra canção do exílio de Gonçalves Dias
Lírica Naturalista e Saudosista – apresenta atitude Panteísta (contemplação da natureza como manifestação de Deus). A Natureza também é o refúgio do poeta nos momentos de saudade, solidão e desalento. Uma de suas poesias mais Famosas (que se você reparar inspirou o escritor da letra do Hina Nacional do Brasil) é a Canção do Exílio. Leia :
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Canção do exílio, De Primeiros cantos (1847)
Frases de Gonçalves Dias
“Gigante orgulhoso, de fero semblante,”
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“Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.”
[Canção do Tamoio]
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- “A vida é luta renhida, que aos fracos abate, e aos fortes, só faz exaltar.”
[Canção do Tamoio]
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“O forte, o covarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!”
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“E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.”
[Canção do Tamoio]
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“Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.”
[Canção do Tamoio]
Fontes: www.not1.xpg.com.br
kdfrases.com
“E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.”
[Canção do Tamoio]
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“Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.”
[Canção do Tamoio]
Fontes: www.not1.xpg.com.br
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