terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Gonçalves Dias - Biografia, vida e obras



Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) filho de um comerciante português e de uma cafuza (mestiça de negro e índio), nasceu em Caxias (MA), no dia 10 de agosto de 1823. Foi um poeta e teatrólogo brasileiro. 

O pai tinha abandonado a mãe, com quem vivia e não era oficialmente casado. Gonçalves Dias passou a viver com o pai e a madrasta. Teve uma infância tranquila e, após os primeiros estudos, foi para Coimbra, onde deveria formar-se em direito. Lá conheceu escritores românticos portugueses. Os oito anos que viveu em Portugal foram muito importantes para a formação intelectual do poeta. 


Volta ao Maranhão em 1845, depois de formado em Direito. Ocupa vários cargos no governo imperial e realiza diversas viagens à Europa. Vai para o Rio de Janeiro em 1846 e em 1847 publica o livro "Primeiros Cantos", que recebe elogios de Alexandre Herculano, poeta romântico português. Ao apresentar o livro, Gonçalves Dias confessa: "Dei o nome Primeiros Cantos às poesias que agora publico, porque espero que não sejam as últimas". 


Em 1848 publica o livro "Segundos Cantos". Em 1849, é nomeado professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II. Durante esse período escreve para várias publicações, entre elas, o Jornal do Comércio, a Gazeta Mercantil e para o Correio da Tarde. Fundou a Revista Literária Guanabara.

Gonçalves Dias publica em 1851 o livro "Últimos Cantos". Regressa ao Maranhão, e conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, por quem se apaixona. Por ele ser mestiço, a família dela proíbe o casamento. Mais tarde casa-se com Olímpia da Costa, com quem segundo consta não foi muito feliz.

Gonçalves Dias exerceu o cargo de oficial da Secretaria de Negócios Estrangeiros, foi várias vezes à Europa e em 1854, reencontra casualmente Ana Amélia em Lisboa. Desse encontro resultou o conhecido poema "Ainda uma vez  -adeus!".


Em 1862 regressou à Europa, em busca de tratamento: além de problemas cardíacos, sofria de malária, hepatite, gastrite. Na volta ao Brasil, o poeta morreu no naufrágio do navio onde viajava, no dia 3 de novembro . Afirma-se que Gonçalves Dias trazia prontos os cantos finais de Os timbiras, que planejara como um poema épico e dos quais tinha escrito somente quatro cantos.


É lembrado como um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira, e pela sua importância na literatura nacional, Gonçalves Dias é patrono da cadeira nº 15 da ABL, fundada por Olavo Bilac. E versos do seu principal poema, “Canção do Exílio”, estão no hino nacional: “Nossos bosques têm mais vida” / “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.  


Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo. Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma ideia de Brasil à literatura nacional.



Informações biográficas de Gonçalves Dias:

Data do Nascimento: 10/08/1823
Data da Morte: 03/11/1869

Principais obras de Gonçalves Dias

1843: Canção do exílio
1843: Patkull
1846: Primeiros cantos
1846: Meditação
1846: O Brasil e Oceania
1848: Segundos Cantos
1848: Sextilhas de Frei Antão
1846: Seus Olhos
1857: Os timbiras
1851: I-Juca-Pirama
1858: Dicionário da Língua Tupi, chamada língua geral dos indígenas do Brasil
1859: Segura o Índio Louco
1997: Zica da Patagônia

Características da Literatura Romântica de Gonçalves Dias


Fundamentou as bases da poesia brasileira, consolidando o Romantismo. Incorporou à nossa escrita temas e formas que serviam de modelo até o modernismo;

Dotado de Riqueza temática, abrangeu múltiplos assuntos em diversos aspectos, tais como: poesia Indianista, Lirismo amoroso, poesia saudosista, religiosa, medievalismo e poesia egótica. Veja um exemplo desta última forma:

Uma febre, um ardor nunca apagado,

Um querer sem motivo, um tédio à vida,


Sem motivo também – caprichos loucos,


Anelo doutro mundo e doutras coisas


Desejar coisas vãs, viver de sonhos,


Correr após um bem logo esquecido,


Sentir amor e só topar frieza,


Cismar venturas e encontrar só flores.


Características da obra A Lira Quebrada – Último Cantos


Há uma herança clássica em seus poemas, constituindo por um lado a rigidez, a sobriedade e o equilíbrio; e, do outro, o derramamento romântico.

Modelos Europeus portugueses influenciaram suas lírica e épica. Harmonizam-se a tradição das cantigas de amigo e a renovação romântica, tais como de poetas como Almeida Garret e Alexandre Herculano.
A Expressividade do ritmo marca o estilo de Gonçalves, e abrange todos os metros poéticos (formas de métrica e sílabas poéticas) da língua portuguesa.
Poesia Indianista – expressa um ideal de homem brasileiro, que é retratado no índio mítico e lendário, inspirado no “bom selvagem” de Jean Jacques Rousseau. Tem por base o cavaleiro medieval (herói, nobre, guerreiro, fiel aos deveres). Além disso, Gonçalves Dias não vê o colonizador branco com simpatia, e sim como o símbolo do terror e da exploração do índio.

Não sabeis o que o monstro procura?


Não sabeis a que vem, o que quer?


Vem matar vossos bravos guerreiros,


Vem roubar-vos a filha, a mulher!


(Canto do Piaga)


Características da obra Juca pirama de Gonçalves Dias


I-Juca-Pirama: poema que narra o último descendente Tupi, que é feito prisioneiro de uma tribo inimiga. Leia abaixo alguns Trechos da obra:


Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi:


Sou filho das selvas, Nas selvas cresci;


Guerreiros, descendo Da tribo Tupi.


 Da tribo pujante, Que agora anda errante


Por fado inconstante, Guerreiros, nasci;


Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte;


Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.


Poesia Lírico-Amorosa -caracterizada pelo sentimentalismo e visão trágica do amor (amar é chorar, sofrer e morrer). Aparecem nos poemas as marcas do romantismo como o pessimismo, insatisfação e individualismo.


Ainda Uma Vez – Adeus!


I – Enfim te vejo! – enfim posso,


Curvado a teus pés, dizer-te


Que não cessei de querer-te,


Pesar de quanto sofri.


Muito Penei! Cruas Ânsias


Dos teus olhos afastado


Houveram-me acabrunhado,


A não lembrar-me de ti!


Características da obra canção do exílio de Gonçalves Dias


Lírica Naturalista e Saudosista – apresenta atitude Panteísta (contemplação da natureza como manifestação de Deus). A Natureza também é o refúgio do poeta nos momentos de saudade, solidão e desalento. Uma de suas poesias mais Famosas (que se você reparar inspirou o escritor da letra do Hina Nacional do Brasil) é a Canção do Exílio. Leia :


Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;


As aves, que aqui gorjeiam,


Não gorjeiam como lá.


 Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,


Nossos bosques têm mais vida,


Nossa vida mais amores.


 Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer eu encontro lá;


Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá.


 Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;


Em cismar –sozinho, à noite–


Mais prazer eu encontro lá;


Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá.


 Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;


Sem que desfrute os primores


Que não encontro por cá;


Sem qu’inda aviste as palmeiras,


Onde canta o Sabiá.


Canção do exílio, De Primeiros cantos (1847)


Frases de Gonçalves Dias

   “Gigante orgulhoso, de fero semblante,”
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   “Um dia vivemos!
    O homem que é forte
   Não teme da morte;
   Só teme fugir;
   No arco que entesa
   Tem certa uma presa,
   Quer seja tapuia,
   Condor ou tapir.”
[Canção do Tamoio]
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- “A vida é luta renhida, que aos fracos abate, e aos fortes, só faz exaltar.”
[Canção do Tamoio]
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“O forte, o covarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,

Escutam-lhe a voz!” 
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“E cai como o tronco 
Do raio tocado, 
Partido, rojado 
Por larga extensão; 
Assim morre o forte! 
No passo da morte 
Triunfa, conquista 
Mais alto brasão.” 
[Canção do Tamoio]
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“Teu grito de guerra 
Retumbe aos ouvidos 
D'imigos transidos 
Por vil comoção; 
E tremam d'ouvi-lo 
Pior que o sibilo 
Das setas ligeiras, 
Pior que o trovão.” 
[Canção do Tamoio]

Fontes: www.not1.xpg.com.br 
              kdfrases.com


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