A expansão territorial brasileira
A expansão territorial brasileira está associada à diversidade de atividades que foram se desenvolvendo no Brasil Colônia à medida em que foi ocorrendo a expansão demográfica e também em decorrência da crise do ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste.
Após a União Ibérica (1580-1640), houve a anulação do Tratado de Tordesilhas, que possibilitou que as terras mais afastadas do litoral brasileiro pudessem ser ocupadas pelos colonos, e ainda mais porque eram áreas que não interessavam na colonização espanhola. Então, ocupado de maneira desigual e por diferentes motivos, podemos resumir a expansão territorial brasileira assim:
Região Nordeste: o litoral foi o primeiro local da ocupação portuguesa, devido ao interesse econômico da cana-de-açúcar e também por motivo da defesa militar do território. Podemos observar que a maioria das capitais nordestinas, com exceção de Teresina-PI, são cidades litorâneas. Já o interior do Nordeste foi povoado pela expansão da pecuária, tendo como principal eixo o Rio São Francisco, e outros povoamentos que eram cortados pelos rios, como o Rio Jaguaribe, no Ceará. A pecuária torna-se o principal meio econômico do Nordeste, que traz até hoje a figura do vaqueiro como representante de sua cultura.
Região Sudeste e Centro-Oeste: essas regiões foram povoadas pela atuação dos bandeirantes, em busca de ouro e no apresamento dos índios. Na verdade, a figura do bandeirante é decisiva para a expansão territorial brasileira, já que foi através das bandeiras que o interior do Brasil foi sendo penetrado, na corrida do ouro, no início do século XVIII. As cidades mineiras onde se concentraram a extração mineradora, também foi onde mais se concentrou a população, contribuindo para o desenvolvimento das cidades, construção de estradas, surgimento de vilas e a urbanização do Sudeste brasileiro.
Região Norte: teve como processo de povoamento também a atuação dos bandeirantes que foram em busca das drogas do sertão (as especiarias da floresta Amazônica brasileira) para comercialização.
Região Sul: foi colonizada por incentivo da Metrópole para assegurar o controle das fronteiras com a América espanhola, além de ter desenvolvido um grande centro de ação jesuítica com os Sete Povos das Missões. A Região Sul também se desenvolveu economicamente através da pecuária e charqueadas;
Expansão territorial: bandeiras e bandeirantes
Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do território brasileiro além do Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes penetram no território brasileiro, procurando índios para aprisionar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que encontraram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Bandeiras de sertanismo de contrato – Foram expedições contratadas por donatários, governadores ou senhores de engenho, a fim de combater índios, capturar escravos fugidos ou destruir quilombos (redutos de escravos fugidos).
O mais importante foco de resistência negra contra a escravidão foi o quilombo de Palmares, que se formou na serra da Barriga, em Alagoas.
Nessa região de difícil acesso, desenvolveu-se uma comunidade auto-suficiente que produzia milho, mandioca, banana, cana-de-açúcar e que, durante certo período, chegou a comercializar seus excedentes com as regiões vizinhas.
Palmares estabeleceu-se ao longo do século XVII, chegando a abrigar mais de 20 mil negros fugidos dos engenhos, dispersos durante a invasão holandesa. (...) Em 1694, depois de um longo cerco, o paulista Domingos
Jorge Velho, a serviço dos senhores de engenho, invadiu e destruiu Palmares. Muitos de seus habitantes conseguiram fugir e reorganizaram-se sob o comando de Zumbi, continuando a luta contra os brancos. Em 20 de novembro de 1695, Zumbi, o mais famoso líder da luta pela liberdade dos escravos, foi preso, morto e esquartejado, sendo sua cabeça exposta numa praça de Recife para atemorizar as possíveis rebeliões.
Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portugal tratou de organizar sua extração. Interessado nesta nova fonte de lucros, já que o comércio de açúcar passava por uma fase de declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a 20% de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição.
A descoberta de ouro e o início da exploração da minas nas regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocou uma verdadeira "corrida do ouro" para estas regiões. Procurando trabalho na região, desempregados de várias regiões do país partiram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia.
O trabalho dos tropeiros foi de fundamental importância neste período, pois eram eles os responsáveis pelo abastecimento de animais de carga, alimentos (carne seca, principalmente) e outros mantimentos que não eram produzidos nas regiões mineradoras.
Desenvolvimento urbano nas cidades mineiras
Cidades começaram a surgir e o desenvolvimento urbano e cultural aumentou muito nestas regiões. Foi neste contexto que apareceu um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil : Aleijadinho.
Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o mercado de trabalho na região aurífera. Igrejas foram erguidas em cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana.
Para acompanhar o desenvolvimento da região sudeste, a capital do país foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.
Exploração econômica da Amazônia/ as drogas do sertão
A conquista e ocupação da região amazônica se fez através da expedição de Pedro Teixeira, de 1637 a 1639, que subiu o rio Amazonas fundando vários núcleos de povoamento e fortes militares. Ao retornar ele foi nomeado capitão-mor da recém-criada capitania do Pará, que englobava Amazonas e Pará. A colonização, contudo, sedimentou, graças aos jesuítas que exploravam a mão-de-obra indígena, por meio das Missões, na colheita das “drogas do sertão”.
Aproveitamento econômico do Prata
Atraído pelo importante comércio da região do rio da Prata em razão também do contrabando com a área espanhola, Portugal ordenou, em 1680, a fundação oficial da Colônia do Sacramento, na margem esquerda do rio, sinalizando seus reais interesses na região. Parte dessa região seria povoada e ocupada posteriormente pela pecuária, atraindo paulistas e imigrantes açorianos para a região.
A expansão territorial,facilitada pelo Domínio Espanhol (1580-1640) e realizada por diversos fatores, como as bandeiras, a pecuária e a expansão oficial, levou Portugal e Espanha a realizarem vários tratados sobre os limites territoriais.
O mais importante foi o de Madri, de 1750, que deu, mais ou menos, a atual configuração geográfica do Brasil. O defensor dos direitos portugueses foi Bartolomeu de Gusmão, que se baseou no Direito Romano, utilizando o preceito do uti possidetis
A expansão da pecuária
Da sua introdução nos engenhos do litoral nordestino, o gado se expandiu em direção ao sertão, no primeiro século e meio da colonização. Com isso, o Sertão do Nordeste e o Vale do Rio São Francisco surgem como as principais regiões pecuaristas da colônia, o que garantiu a ocupação de um grande território do interior brasileiro.
Outra região que se voltaria também para a pecuária seria o sul de Minas Gerais, já no século XVIII. Ali, a criação de gado envolvia certa técnica superior, fazendas com cercados, pastos bem cuidados e rações extras para os animais; no manejo dos rebanhos era utilizada a mão-de-obra escrava. O seu mercado era representado pelas zonas urbanas mineradoras, o que provocou uma diversificação da produção: gado bovino, muares, suínos, caprinos e eqüinos.
Também os Campos Gerais, correspondendo ao interior de São Paulo e Paraná, foram outra região de pecuária, com a produção de animais de tiro para a região mineradora. Nessa região predominava a mão-de-obra livre, constituída pelos tropeiros.
Por fim, a pecuária seria desenvolvida ainda no Rio Grande do Sul, no século XVIII. Nesse caso específico, a pecuária promoveu não apenas a ocupação do território rio-grandense, mas, também, o seu povoamento. A atividade criatória gaúcha utilizava-se do trabalho livre, havendo, contudo, o emprego paralelo de escravos e dos indígenas oriundos das missões.
Questões sobre expansão territorial brasileira
1)(UFPR) São ações resultantes da conquista e ocupação do território brasileiro, exceto:
a) expedições militares organizadas pelo governo
b) bandeirantes que percorriam o sertão
c) padres jesuítas que fundavam aldeias para catequização dos índios
d) criadores de gados que tiveram seus rebanhos e fazendas
e) A invasão dos mineiros com a descoberta de ouro no litoral.
2) São cidades que surgiram no período das expedições militares, exceto:
a) São Vicente
b) Filipeia de Nossa Senhora das Neves
c) Forte dos Reis Magos
d) Fortaleza de São Pedro
e) Forte do Presépio
3) (UFRS) Como objetivos da expansão oficial, podemos destacar
b) a preação de indígenas e o aproveitamento econômico do rio da Prata.
c) a defesa do território e a extinção do Quilombo de Palmares.
d) a exploração econômica da Amazônia e o aproveitamento econômico da Prata.
e) a obtenção de riquezas, graças à exploração de jazidas minerais.
4) O desenvolvimento da economia das “Drogas do Sertão”, na bacia Amazônica, na segunda metade do século XVII e primeira do século XVIII, está ligado
a) ao desempenho das missões religiosas, particularmente dos jesuítas, utilizando mão-de-obra indígena.
b) ao Tratado de Badajóz (1801), pelo qual Portugal perdeu alguns domínios no Oriente para a Holanda.
c) à falta de interesse da Inglaterra em distribuir o açúcar e o algodão brasileiros na Europa.
d) à concorrência das especiarias orientais comercializadas no mercado europeu pela Inglaterra e Holanda.
e) ao período da união das Coroas ibéricas, em que Portugal e Brasil ficaram subordinados aos reis Habsburgos.
5) A pecuária do Nordeste foi uma atividade
a) que preexistiu à economia açucareira,pois os indígenas já praticavam o pastoreio.
b) que se desenvolveu paralelamente à economia açucareira visando a abastecer esta última em alimentos (carne) e força motriz.
c) auto-suficiente, totalmente desvinculada da grande lavoura.
d) que decorreu de um plano elaborado pela Metrópole.
6) A interiorização do povoamento no território brasileiro nos séculos XVII e XVIII decorreu:
a) do êxito da empresa agrícola que liberou mão-de-obra livre e escrava para a ocupação do interior.
b) do interesse português em ocupar o interior com a cana-de-açúcar.
c) da ampliação do quadro administrativo da metrópole.
d) da expansão das atividades econômicas, particularmente da pecuária e da mineração.
e) exclusivamente do estabelecimento de missões jesuíticas no interior da Colônia.
7) (Fuvest-SP) No século XVII, contribuíram para a penetração para o interior brasileiro:
a) o desenvolvimento das culturas da cana-de-açucar e do algodão.
b) o apresamento de indígenas e a procura de riquezas minerais.
c) a necessidade de defesa e o combate aos franceses.
d) o fim do domínio espanhol e a restauração da monarquia portuguesa.
e) a Guerra dos Emboabas e a transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro.
8) (Fuvest-SP) Em 1694, uma expedição chefiada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho foi encarregada pelo governo metropolitano de destruir o quilombo de Palmares. Isto se deu porque:
a) os paulistas, excluídos do circuito da produção colonial centrada no Nordeste, queriam aí estabelecer pontos de comércio, sendo impedidos pelos quilombos.
b) os paulistas tinham prática na perseguição de índios, os quais, aliados aos negros de Palmares, ameaçavam o governo com movimentos milenaristas.
c) o quilombo desestabilizava o grande contingente escravo existente no Nordeste, ameaçando a continuidade da produção açucareira e da dominação colonial.
d) os senhores de engenho temiam que os quilombolas, que haviam atraído brancos e mestiços pobres, organizassem um movimento de independência da colônia.
e) os aldeamentos de escravos rebeldes incitavam os colonos à revolta contra a metrópole, visando trazer novamente o Nordeste para o domínio holandês
Gabarito:
1) E 2) A 3) D 4) A 5) B 6) D 7) B 8) C
ÓTIMO
ResponderExcluirOtimo
ResponderExcluir